segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Until Dawn, por Telmo Couto


Título original: Until Dawn
Plataforma: Playstation 4
Género: Drama Interativo, Terror
Desenvolvimento: Supermassive Games
Elenco: Hayden Panettiere (Scream 4), Rami Malek (Mr. Robot),  Peter Stormare (Prison Break), Brett Dalton (Agents of S.H.I.E.L.D.)

O género de videojogos que se auto catalogam como "cinema interativo" tem vindo a ganhar maior visibilidade durante os últimos anos, muito graças à capacidade gráfica das consolas mais recentes que permitem recriar fielmente o trabalho de captura de movimentos dos atores, em cenários cada vez mais realistas, onde se tenta recriar a experiência de ir ao cinema mas com uma história personalizada para cada jogador. Embora os apreciadores do género o associem à Quantic Dream (apesar do infeliz Beyond: Two Souls), foi a Supermassive Games quem trouxe a primeira experiência do género à PS4, com um formato mais próximo ao das séries televisivas.

Until Dawn é um jogo de terror inspirado nos filmes de adolescentes dos anos 90, e que presta homenagem ao género recorrendo a todos os lugares comuns e estereótipos a que o público já se habituou. E se esse género no cinema entrou em declínio precisamente por causa da falta de criatividade em Hollywood, aqui é essa banalidade que serve de guia de sobrevivência para o jogador, que terá de tomar as decisões de 8 personagens e decidir a progressão da história. Tal como no cinema, os personagens não são tanto "pessoas" como são estereótipos, desde o cromo do grupo e a tímida que secretamente o adora, ao recém casal acompanhado da ex com o seu mais recente namorado, o jogo apresenta-os juntamente com alguns adjetivos que descrevem as suas personalidades e permite, no menu de pausa, verificar o estado do relacionamento entre eles como consequência das decisões tomadas pelo jogador. Importa referir que, apesar da forte esterotipagem dos protagonistas, a Supermassive Games fez um excelente trabalho em torná-los interessantes através da forma como se relacionam e do input que o jogador tem na definição das personalidades. Por exemplo, ao optar por fazer uma personagem espreitar para o ecrã de um telemóvel, esta será vista como uma pessoa mais curiosa e intrometida.

Tudo começa numa cabana no meio do bosque na montanha, onde um grupo de adolescentes sofre a perda traumática de duas irmãs gémeas. Um ano depois, os restantes 8 jovens decidem voltar ao local onde tudo aconteceu para o que deveria ser um fim de semana de diversão onde pudessem superar o trágico desaparecimento. A ideia era péssima, tal como a maioria das decisões que os personagens tomam sem opção do jogador, que normalmente interfere em assuntos de aparente menor relevância. Por norma, os dramas interativos têm vários finais possíveis, resultantes das diferentes opções que podem ser tomadas ao longo da história. Em Until Dawn, a equipa desenvolveu um sistema de "Efeito Borboleta" baseado no princípio de que pequenas decisões poderão causar grandes consequências, incluindo a vida e morte de personagens da história, deixando apenas algumas pistas sob a forma de visões encontradas em totems índios. É possível concluir a história com todos os personagens vivos, mas este jogo de cerca de 9h (até ao amanhecer) não permite voltar atrás após uma decisão de que o jogador se arrependa.

A nível do terror, Until Dawn pode reutilizar muito material do cinema, mas consegue fazê-lo com máxima eficácia. Desde os ambientes sombrios com um fantástico jogo de luzes, aos sustos repentinos que aparecem sempre com um excelente timing, às imagens mais gore se o destino de alguns personagens os conduzir até à morte. Acima de tudo é pouco pretensioso, conhecendo as limitações do seu género, e talvez por isso mesmo consegue ser uma experiência refrescante e assustadora. Ainda assim, não coloca de parte alguns elementos de videojogo, exigindo em certas ações que o jogador prima rapidamente certos botões solicitados no ecrã ou que permaneça com o comando completamente imóvel, talvez o maior aspeto negativo de um género que se quer o menos complexo possível e onde o importante é a história. É um jogo perfeito para sessões de sexta-feira à noite, para jogar a sós ou com um grupo de amigos que vão discutindo o que cada personagem deve ou não fazer.


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1 comentário:

  1. Tenho visto vários "Let's Play" do jogo na internet, e realmente parece um autêntico filme!

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