Realização: Yann Arthus-Bertrand
Argumento: Yann Arthus-Bertrand e Isabelle Delannoy
Home terá sido o ponto de partida para uma das campanhas ambientais mais mediáticas de sempre. A propósito do Dia Mundial do Ambiente, o filme-documentário estreou simultaneamente em cerca de 50 países, em DVD, na televisão, no cinema, em plataformas online como o Youtube e em inúmeras iniciativas públicas. Home - O Mundo é a Nossa Casa apresenta-se uma peça imponente dada a qualidade das imagens com que somos brindados constantemente. Yann Arthus-Bertrand estreia-se assim na realização, com a ideia de criar uma mensagem impactante a nível mundial, especialmente para quem ainda não se deixou convencer por Al Gore.
O trabalho de Yann Arthus-Bertrand enquanto fotógrafo, especialmente no que diz respeito à fotografia aérea, é elogiado em todo o mundo e sobejamente conhecido depois da publicação do livro A Terra Vista do Céu. Aliado a Luc Besson, o realizador consegue criar um documentário que mais que um alerta via argumento, é um alerta visual através de imagens captadas em mais de 60 países.
Em face de toda essa forte componente visual majestosa, o documentário começa por prender-se com questões essencialmente geológicas que reduzem o tema a demasiadas simplificações garantindo algumas incoerências científicas (maioritariamente nos termos utilizados), dando primazia a um discurso mais poético e trabalhado. De repente, foca-se na condição humana e no crescimento da civilização humana de forma a poder iniciar a conversa em torno dos excessos da população mundial e que conduzem o planeta Terra a uma situação limite, quase cataclísmica. O problema é que rapidamente o filme divaga entre os argumentos ambientais, como os argumentos sociais e a dada altura não percebemos se o objectivo é sensibilizar a população perante os graves problemas ambientais que passamos ou para a pobreza com que muitos países vivem.
Na narração, o ritmo adoptado é tudo menos interessante e apesar dos argumentos válidos, reduz-se tudo isso a um estilo monocórdico, muito ao género documentário BBC, o que penaliza sobretudo o público que procurava algo mais forte e não um simples desfile de um conjunto de fotografias bonitas. Por vezes adopta um formato demasiado moralista e até radicalista quando penalizam tanto a agricultura, como a pecuária da falta de água e de recursos, sem conseguir chegar a um meio-termo de bom senso.
Home revela-se demasiado extenso para a informação que pretende transmitir, tendo acabado por se repetir nos vinte minutos finais num género de resumo que em nada ajudou a melhorar o argumento do documentário. Ponto alto para as inúmeras referências a atitudes que podem contribuir para inverter a tendência decadentemente perigosa que o planeta Terra tem atravessado.
Por outro lado, ao invés de adoptar uma sensibilização-choque, o documentário acaba por criar um paradoxo enorme em face das imagens tranquilizadoras que podem remeter o espectador para o comum pensamento de que afinal o panorama não está assim tão mau, apesar do tom alarmista que assume a dada altura. Enquanto documentário Home - O Mundo é a Nossa Casa torna-se apenas mais um, mas resulta melhor enquanto peça de propaganda dos ambientalistas.
Uma nota apenas para o suposto carácter não lucrativo das instuições envolvidas no desenvolvimento do projecto. Por que então a aquisição do DVD do documentário tem de ser paga a um preço de certa forma mais elevado que alguns filmes de ficção de alto orçamento? Fica aqui o repto para reflexão.
O trabalho de Yann Arthus-Bertrand enquanto fotógrafo, especialmente no que diz respeito à fotografia aérea, é elogiado em todo o mundo e sobejamente conhecido depois da publicação do livro A Terra Vista do Céu. Aliado a Luc Besson, o realizador consegue criar um documentário que mais que um alerta via argumento, é um alerta visual através de imagens captadas em mais de 60 países.
Em face de toda essa forte componente visual majestosa, o documentário começa por prender-se com questões essencialmente geológicas que reduzem o tema a demasiadas simplificações garantindo algumas incoerências científicas (maioritariamente nos termos utilizados), dando primazia a um discurso mais poético e trabalhado. De repente, foca-se na condição humana e no crescimento da civilização humana de forma a poder iniciar a conversa em torno dos excessos da população mundial e que conduzem o planeta Terra a uma situação limite, quase cataclísmica. O problema é que rapidamente o filme divaga entre os argumentos ambientais, como os argumentos sociais e a dada altura não percebemos se o objectivo é sensibilizar a população perante os graves problemas ambientais que passamos ou para a pobreza com que muitos países vivem.
Na narração, o ritmo adoptado é tudo menos interessante e apesar dos argumentos válidos, reduz-se tudo isso a um estilo monocórdico, muito ao género documentário BBC, o que penaliza sobretudo o público que procurava algo mais forte e não um simples desfile de um conjunto de fotografias bonitas. Por vezes adopta um formato demasiado moralista e até radicalista quando penalizam tanto a agricultura, como a pecuária da falta de água e de recursos, sem conseguir chegar a um meio-termo de bom senso.
Home revela-se demasiado extenso para a informação que pretende transmitir, tendo acabado por se repetir nos vinte minutos finais num género de resumo que em nada ajudou a melhorar o argumento do documentário. Ponto alto para as inúmeras referências a atitudes que podem contribuir para inverter a tendência decadentemente perigosa que o planeta Terra tem atravessado.
Por outro lado, ao invés de adoptar uma sensibilização-choque, o documentário acaba por criar um paradoxo enorme em face das imagens tranquilizadoras que podem remeter o espectador para o comum pensamento de que afinal o panorama não está assim tão mau, apesar do tom alarmista que assume a dada altura. Enquanto documentário Home - O Mundo é a Nossa Casa torna-se apenas mais um, mas resulta melhor enquanto peça de propaganda dos ambientalistas.
Uma nota apenas para o suposto carácter não lucrativo das instuições envolvidas no desenvolvimento do projecto. Por que então a aquisição do DVD do documentário tem de ser paga a um preço de certa forma mais elevado que alguns filmes de ficção de alto orçamento? Fica aqui o repto para reflexão.
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