domingo, 19 de julho de 2009

O Corpo da Mentira, por Carlos Antunes

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Título original: Body of Lies
Realização: Ridley Scott
Argumento: William Monahan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, Mark Strong e Golshifteh Farahani

O Corpo da Mentira é a versão moderna e agregada à realidade dos filmes de espionagem, tentando com isso um retrato pertinente do estado moderno do mundo e das diversas relações que se estabelecem entre aqueles que têm de lidar com a informação mais relevante e secreta.

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Mas ainda que o filme esteja repleto de momentos interessantes, de cenas que assumem toda a credibilidade do que poderá estar a passar-se no mundo sem que realmente o saibamos, a sua busca por relevância crítica enfraquece-o.
E enfraquece-o porque parece enredá-lo numa teia que quanto mais enredada se torna, mais frágil parece.

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O que na prática acontece é o esbatimento da realidade na construção de uma estrutura demasiado arrojada, que poderia ainda mostrar um certo realismo não fosse a implausibilidade da forma como foi construída, uma sequência episódica a tentar passar por uma densa narrativa.
O realismo perde-se num certo exagero de justaposição - e por vezes de sobreposição.

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Voltando a essa busca de relevância - que é, no essencial, uma das mais definidoras questões deste filme - perceberemos que ela custa, também, ao filme, o seu ritmo.
Apesar deste parecer muitas vezes disposto a arrancar para um ritmo mais intenso, mais chegado ao blockbuster de acção mal assumido que é, mas para não ceder nas suas pretensões fecha-se numa constante acumulação de diálogos - muitas vezes ao telemóvel para sintetizar a globalidade das acções que representa - que parecem desconfortáveis para o realizador.

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Está de longe ser um filme desperdiçado, até porque a interpretação segura de DiCaprio e a magnífica subtileza de Mark Strong dão um outro valor às suas personagens e respectivas acções.
Mas no final de contas, é um filme mais convencional do que pretende mostrar e cuja seriedade lhe assenta mal na forma como é tão sofregamente procurada.


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Extras

Comentário de Ridley Scott, William Monahan e David Ignatius - Comentário focado na concepção de cenas, na realidade de cada uma, na justificação dos cenários escolhidos, nas fontes que levaram à sua elaboração, entre outros pormenores do género.
A sua geral falta de interesse é equiparável à forma vazia de emoção com que é feito.

Acção classificada: Examinando o Corpo da Mentira - Três mini-documentários que falam do trabalho de realização de cenas, da escolha dos locais para filmar e da fonte de informação com que David Ignatius escreveu o seu livro.
Pouco mais são do que uma outra forma do comentário áudio feito anteriormente.


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7 comentários:

  1. Por acaso ganhei o DVD deste filme num passatempo há pouco tempo, mas ainda não tive tempo de o ver.

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  2. Olá. Que pontuação lhe dás então? Não sendo nada de extraordinário, é um filme acima da média e bem realizado, limitado pelo tão episódico argumento.

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  3. Filipe Assis,
    Estás-te a referir a mim ou ao Carlos Antunes? Eu ainda não vi o filme. O Antunes deu 2.5 ao filme.

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  4. Estava a referir-me ao Carlos Antunes. Desculpa, ainda não tinha percebido que o Carlos era crítico convidado e que não me podia responder directamente ;)

    Tenho um convite para te fazer, mas fá-lo-ei por e-mail.

    Cumps.
    Filipe Assis
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  5. Filipe Assis,
    Preciso de fazer uma ressalva. O Carlos Antunes não é crítico convidado. O blogue foi fundado por mim, por ele e pela Ana Alexandre. O Carlos é um crítico "residente". Desculpa ter-me metido na conversa, mas como eu tinha comentado antes de ti e como ele tinha colocado a nota na crítica, não tinha percebido a que te referias.

    Quanto ao convite, cá o espero. ;)

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  6. Olá Filipe.

    Não o acho um filme acima da média, não tem nada de particularmente distinto de uma série de outros filmes que se viram em tempos recentes, seja Syriana ou Traidor, para citar dois exemplos que considero estarem bastante acima deste.

    Um abraço!

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  7. Olá Filipe.

    Não o acho um filme acima da média, não tem nada de particularmente distinto de uma série de outros filmes que se viram em tempos recentes, seja Syriana ou Traidor, para citar dois exemplos que considero estarem bastante acima deste.

    Um abraço!

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