segunda-feira, 13 de julho de 2009

O dia em que a Terra parou, por Carlos Antunes

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Título original:
The Day the Earth Stood Still
Realização: Scott Derrickson
Argumento: David Scarpa
Elenco: Keanu Reeves, Jennifer Connelly, John Cleese e Kathy Bates

Há uma excelente cena em O dia em que a Terra parou, quando o Professor Barnhardt (John Cleese) e Klaatu trabalham as suas fórmulas sobre uma ardósia ao som de Bach.
Sem palavras, em perfeito entendimento, as duas espécies inteligentes que nesse momento se encontram à face da Terra.
E depois discutem entre si, a lógica do primeiro a ameaçar fazer ceder a lógica demasiado cínica e fanática do segundo, que se prepara para dizimar a raça humana para salvar o planeta.

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É um vislumbre de possibilidades para um grande filme de Ficção Científica, que conseguisse actualizar a mensagem do original sem se desmerecer como uma obra singular.
Mas é apenas isso, um vislumbre, pois logo depois parece que tudo começa a decair à medida que a versão absolutamente distanciada de Klaatu parece começar a apaixonar-se pela Dr. Helen Benson.

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A razão e a lógica perde-se num perigoso sentido de romance que parece transformar a história à força para que se encaminhe no sentido pretendido.
Esse caminho é a de uma segunda oportunidade para que a raça humana possa conviver de forma saudável com a natureza que a rodeia.

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Antes dessa transformação, Klaatu não pretendia estender-nos um aviso, apenas destruir-nos e salvar um planeta que vale mais do que 6 biliões de criaturas.
Slavá-lo por via de uma moderna Arca de Noé, uma táctica que parece ridícula acima de tudo, acabando por reduzir a "mensagem verde" a uma justificação para efeitos especiais e um thriller de tons negros.

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Para quem viu - e certamente admirou - o original, que apesar do seu comentário político adaptado à época terá para sempre uma ressonância intrínseca e intemporal, não encontrará aqui nada de verdadeiramente novo ou original.
Ao invés, encontrará uma tentativa de abordar um tema cujas abordagens inconsequentes têm vindo a diminuir-lhe a atenção prestada à razão inversa da sua importância.

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Tudo isto a um ritmo dolorosamente lento e trapalhão que desperdiça talentos até ao limite do tolerável, que não faz jus à memória do filme que lhe deu origem e que não contribui com nada de novo dentro do seu género.



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Extras

Comentário do argumentista - Interessante pelo que revela do processo de criação do filme e por algum entendimento do que foi a readaptação de um clássico da Ficção Científica.

Cenas Eliminadas - Inúteis para o filme e também como extra.

Documentário Re-Imagining the Day - Uma espécie de making of que passa a ideia de ir falar da génese deste filme em relação ao original, mas que depois se centra nos processos habituais relativos a este filme.
Interessante ainda assim.

Unleashign GORT - Peça sobre o trabalho de desenvolvimento da nova imagem do mítico robô. Serve para compreender quão perto estiveram de destruir um mito.

Watching the skies - Peça sobre as possibilidades científicas de contacto com vida extra-terrestre. Interessante mas sem novidades.

The Day the Earth was green - Peça sobre a presença de dois ecologistas como conselheiros durante a produção dos filmes do estúdio. Entre o promocional e o verdadeiramente significativo.



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