Realização: Pedro Almodóvar
Argumento: Pedro Almodóvar
Elenco: Gael García Bernal, Fele Martínez, Daniel Giménez Cacho, Lluís Homar e Alberto Ferreiro
Má Educação é, com toda a certeza, o filme mais negro e complexo de Pedro Almodóvar. Por mais que negue essa intenção, este é claramente um filme autobiográfico, uma espécie de ajuste de contas para com a Religião e uma tentativa de ultrapassar a infância.
Aqui notamos um regresso do realizador ao período do regime repressivo de Franco, numa espécie de homenagem à estética noir. Mas este regresso de Almodóvar ao passado de, por exemplo, La ley del deseo (1987), apenas vem revelar que este realizador já não existe de igual forma e que não se sente tão à vontade com a negritude de um argumento como se sente com o melodrama. O cineasta sente-se frágil por detrás das câmaras e do argumento, não lhe conseguindo dar o fôlego necessário, mesmo manipulando habilmente as anteriormente simples referências ao Cinema tornando-as, assim, o fio condutor da história.
Má Educação é um filme dentro de um filme. Descobrir qual deles é o mais importante ou melhor captado pela lente de Almodóvar é difícil. É uma história de pecados, culpados e de abusos que manipula o espectador, conduzindo através um jogo de espelhos que funde fantasia e realidade, que choca e impressiona. É uma história de sensibilidade inquestionável, mas também de uma crítica bastante ácida que não torna o filme muito acessível a todos.
E se, habitualmente, a Mulher impera no Cinema de Almodóvar, em Má Educação é o Homem que coexiste com o argumento. Pena que o realizador não se sinta à vontade com esse figura, enfraquecendo assim aquilo que poderia ser ainda mais portentoso. Por outro lado, essa lacuna é completada pela excelente interpretação de Gael García Bernal, que se transfigura a cada cena do filme, que divide o espectador, que é herói e anti-herói simultaneamente, que é vítima e culpado. Todo o restante elenco é todo ele também capaz e competente.
Na sua temática, Pedro Almodóvar recorre de novo à marginalidade e homossexualismo, mas longe de fazer disso uma espécie de propaganda, o realizador desconstrói esses clichés, chocando (evidentemente), mas criticando sobretudo a sociedade e a classe clerical como um ajuste de contas.
Má Educação é o filme menos linear e mais negro de Almodóvar, mais uma vez uma homenagem maior ao Cinema que, de certa forma, faz lembrar Mulholland Drive (2001), de David Lynch. É verdade que são incomparáveis até certo ponto, mas a forma como desconstroem a mente do espectador, numa história passível de vários olhares, tornam-nos semelhantes até na visão corrosiva do Mundo. Pedro Almodóvar cria uma obra difícil de classificar: ora imaculada, ora corrompida. Deixa de certa forma um sabor amargo.
Má Educação é, com toda a certeza, o filme mais negro e complexo de Pedro Almodóvar. Por mais que negue essa intenção, este é claramente um filme autobiográfico, uma espécie de ajuste de contas para com a Religião e uma tentativa de ultrapassar a infância.
Aqui notamos um regresso do realizador ao período do regime repressivo de Franco, numa espécie de homenagem à estética noir. Mas este regresso de Almodóvar ao passado de, por exemplo, La ley del deseo (1987), apenas vem revelar que este realizador já não existe de igual forma e que não se sente tão à vontade com a negritude de um argumento como se sente com o melodrama. O cineasta sente-se frágil por detrás das câmaras e do argumento, não lhe conseguindo dar o fôlego necessário, mesmo manipulando habilmente as anteriormente simples referências ao Cinema tornando-as, assim, o fio condutor da história.
Má Educação é um filme dentro de um filme. Descobrir qual deles é o mais importante ou melhor captado pela lente de Almodóvar é difícil. É uma história de pecados, culpados e de abusos que manipula o espectador, conduzindo através um jogo de espelhos que funde fantasia e realidade, que choca e impressiona. É uma história de sensibilidade inquestionável, mas também de uma crítica bastante ácida que não torna o filme muito acessível a todos.
E se, habitualmente, a Mulher impera no Cinema de Almodóvar, em Má Educação é o Homem que coexiste com o argumento. Pena que o realizador não se sinta à vontade com esse figura, enfraquecendo assim aquilo que poderia ser ainda mais portentoso. Por outro lado, essa lacuna é completada pela excelente interpretação de Gael García Bernal, que se transfigura a cada cena do filme, que divide o espectador, que é herói e anti-herói simultaneamente, que é vítima e culpado. Todo o restante elenco é todo ele também capaz e competente.
Na sua temática, Pedro Almodóvar recorre de novo à marginalidade e homossexualismo, mas longe de fazer disso uma espécie de propaganda, o realizador desconstrói esses clichés, chocando (evidentemente), mas criticando sobretudo a sociedade e a classe clerical como um ajuste de contas.
Má Educação é o filme menos linear e mais negro de Almodóvar, mais uma vez uma homenagem maior ao Cinema que, de certa forma, faz lembrar Mulholland Drive (2001), de David Lynch. É verdade que são incomparáveis até certo ponto, mas a forma como desconstroem a mente do espectador, numa história passível de vários olhares, tornam-nos semelhantes até na visão corrosiva do Mundo. Pedro Almodóvar cria uma obra difícil de classificar: ora imaculada, ora corrompida. Deixa de certa forma um sabor amargo.
Classificação:
«Má Educação» é um extraordinário exercício narrativo que, num inesgotável jogo de espelhos, viaja não só entre diferentes níveis diegéticos como estica as relações narrativas para além-diegese.
ResponderEliminarMais um caso de Cinema em Grande! 5*
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Roberto Simões,
ResponderEliminarNa minha opinião deixa um pouco a desejar em relação a alguns dos filmes mais recentes de Almodóvar. Mas não deixa de ser um bom filme.
Roberto Simões,
ResponderEliminarNa minha opinião deixa um pouco a desejar em relação a alguns dos filmes mais recentes de Almodóvar. Mas não deixa de ser um bom filme.
É, seguramente, "o filme mais negro e complexo de Pedro Almodóvar.". Mas é um dos filmes mais interessantes de todos os seus filmes. Nada é o que parece e tudo parece tão óbvio.
ResponderEliminarÉ verdade, um filme altamente interessante, cheio de nuances e duplos sentidos.
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