domingo, 22 de novembro de 2009

Alice Já não Mora Aqui, por Carlos Antunes

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Título original:
Alice Doesn't Live Here Anymore
Realização: Martin Scorsese
Argumento: Robert Getchell
Elenco: Ellen Burstyn, Alfred Lutter III, Harvey Keitel e Diane Ladd

Alice sonhava com uma vida deslumbrante e independente como as das estrelas de cinema que via.
Mas teve de se contentar com a vida de mulher casada e submissa ao marido.
Apenas quando ela se vê a braços com a necessidade de se valer a si própria e ao filho é que ela se afirmará como uma mulher completa.

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Alice vai acabar por encetar a viagem pela América, a América feita da longa estrada vazia e das cafetarias da berma de estrada.
Mas, ao mesmo tempo, vai representar ela própria a viagem da América, da independência da mentalidade das mulheres.
Pela forma como uma geração de mulheres conquistou o seu próprio espaço e a sua própria confiança, pelos sonhos que essa geração guarda e como se propõem a vivê-los.

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Mas, independentemente das leituras que se façam, ideológicas ou não, a verdade é que Alice já não mora aqui é acima de tudo a história - por vezes cómica, por vezes tocante, por vezes - de uma brilhante personagem que valeu a Ellen Burstyn o Oscar, absolutamente merecido. Ela é, afinal, a essência deste filme e cumpre em absoluto.

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Esta mulher não é só uma mulher, nem é uma metáfora para uma geração.
Ela é como um herói clássico em busca de si mesma, em busca da oportunidade que lhe foi negada.
Ela é uma sonhadora, vivendo quase num mundo que tem um pouco de fantasia inserida em si, que se revela na música e nas luzes com que ela concretiza a sua libertação e a sua descoberta!

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Alice já não mora aqui é já uma revelação do talento cinematográfico de Martin Scorsese, mas também da sua sensibilidade para tanta variedade de géneros, todos eles de uma enorme exigência, géneros que ele continuaria a explorar com igual talento.





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