Realização: Lars von Trier
Argumento: Lars von Trier e Niels Vørsel
Elenco: Lars von Trier, Niels Vørsel, Allan De Waal, Ole Ernst, Michael Gelting e Colin Gilder
Quer se goste, quer se odeie, a verdade é que é impossível ficar-se indiferente a um filme de Lars von Trier. Epidemia é um dos seus primeiros trabalhos mais conhecidos e o segundo capítulo da conhecida Trilogia da Europa ou Trilogia Hipnótica. É maioritariamente uma obra incomodativa e constrangedora.
Em Epidemic vivemos um filme dentro de um filme. Lars von Trier é Lars von Trier e divide cena com o argumentista Niels Vørsel, que é também ele próprio. Ambos criam um curioso exercício de desconstrução da criação cinematográfica, onde tentam escrever um argumento para um filme de terror sobre uma epidemia. Mas a dada altura, essa epidemia materializa-se e ocorre realmente à sua volta. Aí vemos dois filmes. O filme escrito e visualizado e o filme que é, realmente, o filme.
Ao mesmo tempo, encontra-se o habitual sentido crítico do realizador dinamarquês. Somos imediatamente remetidos para o mundo moderno onde as epidemias são condicionadas perante aquilo que são políticas governamentais e de instituições privadas, pelos jogos de pressão e até pelo terrorismo. Com Epidemic encontramo-nos invadidos. Lars von Trier gosta de o fazer, manipulando o espectador, colocando-o de encontro aos seus medos, enfrentando-o. Estamos no mundo da doença, do sofrimento e da morte. Mas mais que ter medo do inevitável, o realizador sabe (e muito bem) que temos mais medo do desconhecido. Do que não podemos (e não conseguimos) controlar, do incerto.
Tecnicamente, Lars von Trier continua com os seus maneirismos (não no sentido negativo). De modo curioso, utiliza a diferenciação entre ficção e realidade, com recurso à banda sonora, mas também na mudança de 35mm para 16mm. Temos um filme a preto-e-branco, tal como a história que nos é contada, um abismo de medos e incertezas, com imagens pouco límpidas – mais uma vez como a própria intenção do argumento.
Em Epidemic, a dada altura, diz-se que um filme deve ser como uma pedra no sapato. E este é-o realmente, porque incomoda, porque gelifica como, aliás, toda a filmografia do realizador.
Em Epidemic, a dada altura, diz-se que um filme deve ser como uma pedra no sapato. E este é-o realmente, porque incomoda, porque gelifica como, aliás, toda a filmografia do realizador.
Não compreendi uma coisa...Lars Von Trier concebe uma enorme originalidade nesta fita na qual insere vários dos seus pontos característicos...mas o filme não é bom?
ResponderEliminarAbraço
http://nekascw.blogspot.com/
Nekas,
ResponderEliminarEu percebo a tua dúvida. :P
Existe uma coisa diferenciadora aqui. Tenho por hábito não colocar as minhas críticas - a parte escrita - de uma forma muito pessoal, prefiro ser isento de certa forma e avaliar o filme pelo que ele é realmente. E foi o que fiz no texto. Agora, a diferença entre o texto e classificação reside apenas no meu gosto pessoal. E embora reconheça a qualidade do filme, não faz assim tanto o meu género, pelo que me limitei aos 2,5*.
Nekas,
ResponderEliminarEu percebo a tua dúvida. :P
Existe uma coisa diferenciadora aqui. Tenho por hábito não colocar as minhas críticas - a parte escrita - de uma forma muito pessoal, prefiro ser isento de certa forma e avaliar o filme pelo que ele é realmente. E foi o que fiz no texto. Agora, a diferença entre o texto e classificação reside apenas no meu gosto pessoal. E embora reconheça a qualidade do filme, não faz assim tanto o meu género, pelo que me limitei aos 2,5*.