domingo, 8 de novembro de 2009

Medea, por Tiago Ramos



Título original: Medea (1988)
Realização: Lars von Trier
Argumento: Carl Theodor Dreyer e Euripides
Elenco: Kirsten Olesen, Udo Kier e Henning Jensen

Medeia é das figuras mitológicas mais inspiradoras da História, influenciando muito daquilo que conhecemos como Arte. Essencialmente são os seus sentimentos cruéis e contraditórios que resultam numa interessante obra que Eurípides tornou numa tragédia grega e que Lars von Trier teve ideia de adaptar, numa obra feita directamente para televisão.


Encontramos em Medea, aquilo que o realizador dinamarquês usou para criar as mulheres de força, mais icónicas da sua filmografia: Emily Watson em Breaking the Waves (1996), Björk em Dancer in the Dark (2000) e Nicole Kidman em Dogville (2003). Uma mulher sofredora, mas que ao mesmo tempo rejeita o conformismo. Um conflito de personalidade, onde o amor e o ódio ocupam o mesmo espaço, resultando numa das figuras mais impressionantes da dramaturgia mundial.

Ao contrário de Dogville, em Medea o carácter da personagem transforma-se ao longo da trama, porque de início ela é desprovida de ira. Mas com uma breve referência ao seu passado traumática, torna-se numa mulher cheia de ódio e vingança. Um fantástico desvendar das origens da filmografia de Lars von Trier, mas longe de ser o seu melhor, pois revela-se uma obra minimalista e melodramática. Mais do que poderíamos esperar do realizador.

Contudo e apesar de tudo, o realizador consegue imprimir o seu cunho a Medea, usando o silêncio e as imagens de uma forma espantosa. O realizador usa técnicas de montagem revolucionárias para a altura, usando a técnica chroma key para dar um visual mais moderno à sua película.


Medea não é mais que uma experiência de Lars von Trier, que funcionou com um grande laboratório para toda a sua obra seguinte. Dada também à sua curta duração, o filme não causa grande impacto no espectador (especialmente porque a grande maioria conhece o mito que lhe deu origem), mas que de certa forma resulta numa interessante obra de estudo do realizador.

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