Título original: Shine a Light
Realização: Martin Scorsese
Com: Rolling Stones, Martin Scorcese, Buddy Guy, Christina Aguilera e Jack White
Cinema-concerto.
Não sei se já viram um concerto dos Rolling Stones.
Se viram, já sabem o que os espera.
Se ainda não viram, saibam que terão direito a duas horas frenéticas, imparáveis e “larger than life”.
Seria simples filmar um concerto dos Stones e deixar que todo o trabalho deles fizesse o filme.
Não sei se já viram um concerto dos Rolling Stones.
Se viram, já sabem o que os espera.
Se ainda não viram, saibam que terão direito a duas horas frenéticas, imparáveis e “larger than life”.
Seria simples filmar um concerto dos Stones e deixar que todo o trabalho deles fizesse o filme.
Scorcese tenta o contrário, fazer um filme em que as interpretações estejam a sublinhar a qualidade do filme.
Quando o filme começa, encontramos uma espécie de confronto de Scorcese e Jagger.
O primeiro a querer fazer cinema e o segundo a querer, “apenas”, fazer música.
Scorcese planeia o palco, negoceia a posição das câmaras, esforça-se por organizar o argumento (leia-se o alinhamento musical) e tenta chegar a um acordo entre os dois.
Jagger queixa-se do palco, das câmaras que obstruem a visão dos espectadores e adia interminavelmente o alinhamento em favor do melhor concerto possível.
Quando o filme começa, encontramos uma espécie de confronto de Scorcese e Jagger.
O primeiro a querer fazer cinema e o segundo a querer, “apenas”, fazer música.
Scorcese planeia o palco, negoceia a posição das câmaras, esforça-se por organizar o argumento (leia-se o alinhamento musical) e tenta chegar a um acordo entre os dois.
Jagger queixa-se do palco, das câmaras que obstruem a visão dos espectadores e adia interminavelmente o alinhamento em favor do melhor concerto possível.
Ainda que nenhum se veja totalmente satisfeito, a verdade é que o resultado é soberbo.
Scorcese pensou os movimentos de câmara, a composição dos planos. No fundo preparou a linguagem do cinema. Com ela lidou com o concerto – de cujo alinhamento só teve conhecimento a um minuto do início – com a mesma exigência de qualquer filme.
Soube, aliás, reagir à força das personagens naquele palco e operar uma reacção – potenciadora, claro – a ela através da enérgica montagem.
A montagem engrandece o espectáculo enquanto nos coloca quase numa privada conversação com a música que ali se faz.
Por isso mesmo, o material de arquivo que esparsamente se intromete no concerto tem também essa capacidade, de nos levar mais ao encontro do momento por atracção do passado.
Scorcese pensou os movimentos de câmara, a composição dos planos. No fundo preparou a linguagem do cinema. Com ela lidou com o concerto – de cujo alinhamento só teve conhecimento a um minuto do início – com a mesma exigência de qualquer filme.
Soube, aliás, reagir à força das personagens naquele palco e operar uma reacção – potenciadora, claro – a ela através da enérgica montagem.
A montagem engrandece o espectáculo enquanto nos coloca quase numa privada conversação com a música que ali se faz.
Por isso mesmo, o material de arquivo que esparsamente se intromete no concerto tem também essa capacidade, de nos levar mais ao encontro do momento por atracção do passado.
Tudo isto é um acontecimento de cinema e de música – quando Buddy Guy sobe ao palco para uma deliciosa versão de Muddy Waters ou quando Keith Richards se coloca no papel de vocalista-trovador, são momentos excepcionais, tanto para a câmara (que joga tão bem com estas duas personagens) como para o próprio concerto.
O espectador sentado na cadeira não poderá deixar de se agitar com o ritmo frenético.
Haverá outro propósito para um filme assim?
Publicado originalmente a 10 de Maio de 2008.
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