Argumento: Jean-Paul Lilienfeld
O tema de La Journée de la jupe é o da fractura do tecido social e educacional francês. Tal como em A Turma, mas inversamente, apaga o realismo para originar a discussão pela extrapolação da situação-limite. Assim encontramo-nos repentinamente perante um thriller tenso onde a causa única é social. Uma professora que um dia vê a sua bolha de medo e anti-depressivos estoirar quando tem uma arma na mão. Ela não é uma ameaça, ela é o ponto de escape das ameças que representam os alunos que tenta ensinar. Essa noção será, aliás, fonte de boa parte da tensão vivida para com o lado de fora da sala. Há humor a temperar o intenso drama, há uma sensação de cativante de imersão nos eventos.
Quem quiser deixar-se levar pela trama, sem se atirar à reflexão, poderá fazê-lo. Mas quem quiser analisar os pormenores que vão surgindo compreenderá o poder do comentário social. De como o isolamento de uma comunidade a levará a assumir uma atitude de domínio e manipulação para com aqueles que com quem ela têm de interagir. De como a subjugação daqueles interagem com essa comunidade para evitar serem mal tratados é fonte de menorização e não de aceitação. De como, finalmente, se desculpabiliza essa comunidade
Quem quiser deixar-se levar pela trama, sem se atirar à reflexão, poderá fazê-lo. Mas quem quiser analisar os pormenores que vão surgindo compreenderá o poder do comentário social. De como o isolamento de uma comunidade a levará a assumir uma atitude de domínio e manipulação para com aqueles que com quem ela têm de interagir. De como a subjugação daqueles interagem com essa comunidade para evitar serem mal tratados é fonte de menorização e não de aceitação. De como, finalmente, se desculpabiliza essa comunidade
Não é uma questão de atribuição de culpas, mas da constatação de que há demasiadas ideias erradas a servirem de engrenagens à relação social. Por isso mesmo há alunos a mudarem a sua percepção e a sua "lealdade" ao longo do sequestro. Por isso mesmo esta professora cala aquilo que lhe poderia ter valido de salvação perante os seus alunos, defendendo a escola laica e a elevação do professor à condição, apenas, de professor.
O filme é todo ele uma soberba interpretação de Adjani, uma actriz fabulosa que faz do sequestro o retrato do sequestro pessoal que vivera até aí. O que ali sucede é a resposta aparentemente possível - embora muitos possam falar de exagero - ao que sucedeu antes. Mas Adjani dá-lhe plausibilidade e emoção, dá-lhe um recheio, dá-lhe fascínio, dá-lhe plenitude. Ela é a súmula das divergências de poder.
La Journée de la jupe é um falso entretenimento, uma reflexão disfarçada. O peso daquilo que contem debaixo da sua capa não é disfarçável, mas fica retido na nossa mente insinuando-se debaixo da sua capa mais americanizada. Um poder que o Cinema deve ter mais vezes.
Um filme inesquecível, não só pela interpretação da Adjani. Uma crítica inspiradíssima e inesquecível, não só pela sua acutilante análise.
ResponderEliminarQueria comentar o post de "Deus Não Quis", mas não consegui... Eu vi a curta num festival "Galaicoportugês" de curtas e gostei imenso. Gostava de poder ver de novo, aquela versão da Laurindinha do filme anda-me na cabeça desde então. Boa semana para vocês :)
ResponderEliminarQueria comentar o post de "Deus Não Quis", mas não consegui... Eu vi a curta num festival "Galaicoportugês" de curtas e gostei imenso. Gostava de poder ver de novo, aquela versão da Laurindinha do filme anda-me na cabeça desde então. Boa semana para vocês :)
ResponderEliminarAh, puxa vida! Li vários comentários sobre o filme e este sintetiza com perfeição a minha opinião sobre ele.
ResponderEliminarInteressante isso de que Sonia pode ser vista como culpada, mas tb como vítima.
Filme obrigatório (não só) para professores.