Realização: Martin Scorsese
Argumento: John Logan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, John C. Reilly e Alec Baldwin
Todos esperava que The Aviator fosse a desculpa aceitável para que Hollywood desse, finalmente, a Scorsese o Oscar que já há tanto lhe era devido.
Afinal ele acabara de filmar um biopic de uma figura reconhecível, criando um épico de uma pessoa só, com actores de nomeada e aceitação.
Mas o arrivismo - se assim acharmos por bem chamar-lhe - de Scorsese não desapareceu por isso, com Howard Hughes a revelar-se uma das suas habituais personagem numa perturbada jornada.
Afinal ele acabara de filmar um biopic de uma figura reconhecível, criando um épico de uma pessoa só, com actores de nomeada e aceitação.
Mas o arrivismo - se assim acharmos por bem chamar-lhe - de Scorsese não desapareceu por isso, com Howard Hughes a revelar-se uma das suas habituais personagem numa perturbada jornada.
O jovem capaz, cheio de ambição, determinação e possibilidades, um génio em tantas matérias tem as suas limitações pessoais, capazes de o debilizarem irremediavelmente.
A sua história de sucesso está assombrada pelos seus próprios demónios que ele enfrenta com a mesma convicção com que enfrenta uma comisão de censura de Hollywood ou uma comissão de inquérito do Congresso.
Enfrenta com a coragem de quem sabe que há um lado certo para estar, um lado de quem tem a razão ou de quem é "normal".
A sua história de sucesso está assombrada pelos seus próprios demónios que ele enfrenta com a mesma convicção com que enfrenta uma comisão de censura de Hollywood ou uma comissão de inquérito do Congresso.
Enfrenta com a coragem de quem sabe que há um lado certo para estar, um lado de quem tem a razão ou de quem é "normal".
Ele tem de viver entre o sucesso desmedido e a pequenez a que a sua vulnerabilidade o reduz.
A sua verdadeira luta é consigo mesmo, pois todos aqueles que o afrontam apenas dão vida ao seu lado mais forte.
Ele busca a liberdade que o dinheiro facilita mas não proporciona, procura a concretização da sua imaginação sempre com a consciência eminente da sua própria perda.
A sua escalada de sucesso é o prenúncio da viagem para uma vida de solidão e isolamento que sabemos que ele viria a ter.
A sua verdadeira luta é consigo mesmo, pois todos aqueles que o afrontam apenas dão vida ao seu lado mais forte.
Ele busca a liberdade que o dinheiro facilita mas não proporciona, procura a concretização da sua imaginação sempre com a consciência eminente da sua própria perda.
A sua escalada de sucesso é o prenúncio da viagem para uma vida de solidão e isolamento que sabemos que ele viria a ter.
Leonardo DiCaprio tem aqui aquela que é a sua mais genial interpretação, levada aos extremos necessários sem se deixar cair em excessos.
É uma questão de saber que a figura é excessiva por si mesma e não precisar de fazer o mesmo à interpretação.
Leonardo DiCaprio arrisca o registo em todos os momentos que deve e sai de lá como vencedor e sem qualquer ponta de mácula.
Enquanto isso, Scorsese recria com incrível habilidade e prazer os tempos dourados em que Howard Hughes se movia, cria bailados visuais nos ares e dá-nos a sumptuosidade da sua própria embevecida - mas nunca irremediavelmente rendida - paixão por um mundo com que sonhava enquanto criança.
Scorsese dá largas ao espírito de admiração que o move no que circunda a grandeza de Hughes enquanto mantém a sua identidade cinematográfica mais pessoal ao serviço da figura que se revela sob essa capa.
É uma questão de saber que a figura é excessiva por si mesma e não precisar de fazer o mesmo à interpretação.
Leonardo DiCaprio arrisca o registo em todos os momentos que deve e sai de lá como vencedor e sem qualquer ponta de mácula.
Enquanto isso, Scorsese recria com incrível habilidade e prazer os tempos dourados em que Howard Hughes se movia, cria bailados visuais nos ares e dá-nos a sumptuosidade da sua própria embevecida - mas nunca irremediavelmente rendida - paixão por um mundo com que sonhava enquanto criança.
Scorsese dá largas ao espírito de admiração que o move no que circunda a grandeza de Hughes enquanto mantém a sua identidade cinematográfica mais pessoal ao serviço da figura que se revela sob essa capa.
Por mais que eu conheça The Aviator de o ter visto tantas vezes, sempre que o apanho a meio numa qualquer sessão tardia na televisão, deixo-me ficar até ao fim, rendido a uma redescoberta sempre galvanizada.
O filme ainda está a crescer em mim como espectador e certamente um destes dias o colocarei com menos dificuldade no mesmo patamar que Taxi Driver ou GoodFellas.
O filme ainda está a crescer em mim como espectador e certamente um destes dias o colocarei com menos dificuldade no mesmo patamar que Taxi Driver ou GoodFellas.
Sem comentários:
Enviar um comentário