Realização: Martin Scorsese
Argumento: John Logan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, John C. Reilly e Alec Baldwin
Em O Aviador, Martin Scorsese consegue criar um fascinante e raro exercício de cinema. A própria paixão do cineasta pelo cinema é claramente notada em cada frame deste filme. É evidente a inspiração em clássicos como Casablanca (1942), à medida que recria soberbamente Hollywood dos anos 40 e 50. E na verdade, o próprio cineasta fica fascinado pela figura de Howard Hughes - personagem claramente ambígua e contraditória - que é um herói à medida de Martin Scorsese. Ao mesmo tempo que esta biopic revela um Howard Hughes puro e duro, quase invencível, de atitudes megalómanas, acabamos por sentir seu verdadeiro interior: uma figura cristalina, frágil e vulnerável.
O estilo de realização de Martin Scorsese cria enormes bailados nos ares, imagens quase idílicas, tratamentos cromáticos diferentes para cada época retratada e detalhes sublimes, perfeitamente conjugados pela cinematografia de Robert Richardson e pela montagem original e nada convencional de Thelma Schoonmaker. São esses pequenos pormenores que fazem de O Aviador, tecnicamente virtuoso e excelso como é, de facto, raro no mundo cinematográfico. Ao primeiro olhar no filme é óbvio porque razão cinco das onze nomeações para os Óscares que recebeu, foram precisamente em categorias técnicas. E acabou por vencer em quatro dessas mesmas categorias.
Mas o maior destaque é a espantosa composição de Leonardo DiCaprio. Naquela que é provavelmente a sua maior interpretação, o actor vive uma personagem de extrema comoção e genialidade. Uma personagem rodeada de demónios anteriores e que se divide entre o idealismo e a loucura. Um desempenho excessivo - como assim tinha de ser - mas sem nunca cair no exagero. Uma personagem que vive de simbolismos, auxiliado tecnicamente por reflexos de espelhos e pela luz dos projectores da sala de cinema onde, a dada altura, se enclausurou. Por outro lado, a figura de Howard Hughes na pele de Leonardo DiCaprio é estrondosamente intensificada pela figura de duas grandes mulheres: Katharine Hepburn e Ava Gardner.
Cate Blanchett respira Hepburn em cada cena do filme e é fácil perceber porque venceu o Óscar de Melhor Actriz Secundária. É ela quem rouba o coração de Howard Hughes, de forma carismática e simultaneamente caricatural, utilizando-se dos seus sotaques e maneirismos de uma forma absolutamente genial. Do outro lado, Kate Beckinsale interpreta Ava Gardner, de um modo mais superficial, mas consegue passar a imagem da paixão a que Howard Hughes não conseguia resistir.
O Aviador é uma obra-prima, tão obsessiva quanto imaculada, tecnicamente soberba, genialmente vivida (e não interpretada) por um extraordinário elenco. Martin Scorsese realiza uma brilhante biopic - não isenta de maneirismos de género - claramente destacada pelo brilho dos projectores de cinema, que são (a par da aviação) o motivo da vida de Howard Hughes.
O estilo de realização de Martin Scorsese cria enormes bailados nos ares, imagens quase idílicas, tratamentos cromáticos diferentes para cada época retratada e detalhes sublimes, perfeitamente conjugados pela cinematografia de Robert Richardson e pela montagem original e nada convencional de Thelma Schoonmaker. São esses pequenos pormenores que fazem de O Aviador, tecnicamente virtuoso e excelso como é, de facto, raro no mundo cinematográfico. Ao primeiro olhar no filme é óbvio porque razão cinco das onze nomeações para os Óscares que recebeu, foram precisamente em categorias técnicas. E acabou por vencer em quatro dessas mesmas categorias.
Mas o maior destaque é a espantosa composição de Leonardo DiCaprio. Naquela que é provavelmente a sua maior interpretação, o actor vive uma personagem de extrema comoção e genialidade. Uma personagem rodeada de demónios anteriores e que se divide entre o idealismo e a loucura. Um desempenho excessivo - como assim tinha de ser - mas sem nunca cair no exagero. Uma personagem que vive de simbolismos, auxiliado tecnicamente por reflexos de espelhos e pela luz dos projectores da sala de cinema onde, a dada altura, se enclausurou. Por outro lado, a figura de Howard Hughes na pele de Leonardo DiCaprio é estrondosamente intensificada pela figura de duas grandes mulheres: Katharine Hepburn e Ava Gardner.
Cate Blanchett respira Hepburn em cada cena do filme e é fácil perceber porque venceu o Óscar de Melhor Actriz Secundária. É ela quem rouba o coração de Howard Hughes, de forma carismática e simultaneamente caricatural, utilizando-se dos seus sotaques e maneirismos de uma forma absolutamente genial. Do outro lado, Kate Beckinsale interpreta Ava Gardner, de um modo mais superficial, mas consegue passar a imagem da paixão a que Howard Hughes não conseguia resistir.
O Aviador é uma obra-prima, tão obsessiva quanto imaculada, tecnicamente soberba, genialmente vivida (e não interpretada) por um extraordinário elenco. Martin Scorsese realiza uma brilhante biopic - não isenta de maneirismos de género - claramente destacada pelo brilho dos projectores de cinema, que são (a par da aviação) o motivo da vida de Howard Hughes.
Classificação:
Como tão bem disseste, uma «Obra-Prima».
ResponderEliminarO exemplo perfeito de como transformar aquilo que poderia ser um mero biopic numa inspirada obra-de-arte. E que obra-de-arte.
5*
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Não podia estar mais de acordo com a tua avaliação. É um filme de estilos, mas também de personalidades, desde o realizador à figura de Howard Hughes. Têm sido injustas as críticas negativas.
ResponderEliminarAbraço.
Roberto F. A. Simões,
ResponderEliminarÉ realmente um filme muito bem realizado. Uma obra-prima, sim.
Red Dust,
É um exercício de estilo, em vários sentidos e também não percebi o porquê das críticas negativas que o filme recebeu.