Título original: Precious: Based on the Novel Push by Sapphire
Realização: Lee Daniels
Argumento: Geoffrey Fletcher
Elenco: Gabourey Sidibe, Mo'Nique, Paula Patton, Mariah Carey, e Patricia Clarkson
Podemos dizer que é louvável a busca de realismo de Precious, não submetendo as suas personagens a uma vida aparente traçada por um destino previsível - algo apenas próprio da telenovela ou dos chamados "casos da vida" com pretensões de enobrecer o espectador-, mesmo quando as reduz à sua própria visão maniqueísta.
Por isso mesmo, a protagonista revela-se nada mais do que uma rapariga tentando seguir com a vida em frente, resistir às agruras, ficar com os filhos e superar a iliteracia.
Não a constituem modelo de qualidades ou de superação, apenas a colocam como figura sobre a qual se debruçar.
Por isso mesmo, a protagonista revela-se nada mais do que uma rapariga tentando seguir com a vida em frente, resistir às agruras, ficar com os filhos e superar a iliteracia.
Não a constituem modelo de qualidades ou de superação, apenas a colocam como figura sobre a qual se debruçar.
O busílis está precisamente na falta de sentido para este olhar, pois este se esvazia de emoção.
É necessário esperar pela última cena do filme para se sentir verdadeira emoção no filme, numa cena entregue por completo à mãe de Precious, uma Mo'Nique a revelar uma entrega absoluta e a construir uma personagem que, nas suas idiossincrasias e perturbações se revela muito mais interessante do que a sua filha.
Precious não é relevante por si mesma, antes pelas situações de vida que sofre, pelo que era necessário ter algo a dizer sobre essas situações ou, pelo menos, ter coragem de confrontar o público directamente com elas.
É necessário esperar pela última cena do filme para se sentir verdadeira emoção no filme, numa cena entregue por completo à mãe de Precious, uma Mo'Nique a revelar uma entrega absoluta e a construir uma personagem que, nas suas idiossincrasias e perturbações se revela muito mais interessante do que a sua filha.
Precious não é relevante por si mesma, antes pelas situações de vida que sofre, pelo que era necessário ter algo a dizer sobre essas situações ou, pelo menos, ter coragem de confrontar o público directamente com elas.
Os posters que escolhi para ilustrarem esta crítica sugerem, ainda que antagonicamente, que o filme trata de olhar sem medo uma vida estilhaçada pelo horror mais mundano ou que trata da sobrevivência a essa vida por via do escapismo efabulatório.
O filme, no entanto, não explora nenhuma dessas facetas, na prática apenas aflora tais ideias e contenta-se depois pelo inócuo olhar sobre uma vida que guardava muito mais choque e sobressalto do que aquele que chegámos a percepcionar.
A pergunta que resta é, então, para que se foi olhar para esta vida se o que a distingue ficou oculto sob uma camada de delicadeza para com o espectador?
O filme, no entanto, não explora nenhuma dessas facetas, na prática apenas aflora tais ideias e contenta-se depois pelo inócuo olhar sobre uma vida que guardava muito mais choque e sobressalto do que aquele que chegámos a percepcionar.
A pergunta que resta é, então, para que se foi olhar para esta vida se o que a distingue ficou oculto sob uma camada de delicadeza para com o espectador?
Precious é um drama a que diminuíram o tom da violência que recai sobre a vítima.
Tal não faz sentido senão como tentativa de chegar a um público vasto e diversificado, mas o que esse público verdadeiramente precisava era de não se sentir indiferente ao longo do filme.
Ser brutal não é o mesmo que ser voyeurista, pois a brutalidade faz-se da coragem de enfrentar a tragédia enquanto o voyeurismo se faz da exploração dessa tragédia.
Precious escapou à exploração por simplesmente não pressionar sobre a ferida.
Tal não faz sentido senão como tentativa de chegar a um público vasto e diversificado, mas o que esse público verdadeiramente precisava era de não se sentir indiferente ao longo do filme.
Ser brutal não é o mesmo que ser voyeurista, pois a brutalidade faz-se da coragem de enfrentar a tragédia enquanto o voyeurismo se faz da exploração dessa tragédia.
Precious escapou à exploração por simplesmente não pressionar sobre a ferida.
Por acaso (e já tinha decidido antes de ler a crítica) é filme que não me chama à sala. Depois de a ler... bem, já fico com mais argumentos para além do meu famoso: Dramas? *careta* Blergh!
ResponderEliminar:P
Também o classifiquei com 2*, pois é apenas razoável...
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