quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Princesa e o Sapo (V.O.), por Tiago Ramos



Título original: The Princess and the Frog (2009)
Realização: Ron Clements e John Musker
Argumento: Ron Clements e John Musker

Em terra de cegos quem tem olho é Rei. O cliché deste provérbio popular aplica-se perfeitamente ao filme A Princesa e o Sapo, pois quando vemos o mundo do cinema de animação saturado de imagens tridimensionais e geradas a computador, a chegada de um filme na chamada animação tradicional em 2D é motivo para, no mínimo, uma enorme nostalgia. É aqui que a Disney regressa àquilo em que sempre foi boa, depois de inúmeros projectos mais falhados do ponto de vista da sua concepção e consequente magia.



Os estúdios da Disney acertaram exactamente na forma como trazem de volta toda a nostalgia dos anos 90 que foi criada por filmes como The Lion King (1994), Pocahontas (1995) e Mulan (1998), entre outros. A Princesa e o Sapo brilha por trazer de volta toda essa ingenuidade, longe da acidez de alguns filmes de animação actuais e trazendo também de novo toda a moral associada. Essa mensagem simples das histórias de amor fazem-nos rapidamente recuar de novo à infância; mesmo que naïve, mesmo que cliché.

A primeira "Princesa negra" da Disney, como tem vindo a ser chamada, é Tiana. Uma personagem lindamente bem construída à imagem de outros tempos, uma princesa com um grande sonho - uma espécie de Gata Borralheira, mas dos tempos modernos, muito mais independente e na cidade de Nova Orleães, berço do jazz. Mas aqui e ao contrário do conto do Príncipe Sapo, dos Irmãos Grimm, a aventura começa precisamente quando a princesa dá o beijo no sapo. Uma reviravolta curiosa que conduz este filme a lugares magníficos do ponto de vista estético.

Embora algumas personagens possam soar rasas ou menos complexas que o desejado, não deixam de ter grande carisma e provocar momentos divertidos no espectador. É o caso do pirilampo Ray ou o crocodilo Louis. Já o vilão Dr. Facilier é claramente assustador, apenas como a Disney sabe fazer, num brilhante jogo com uma sombra com vida própria.



O argumento é simples, nada de grande espectacularidade, mas não deixa de ser competente no seu objectivo. Já a animação 2D é fantástica, colorida, muito bem concebida, cheia de detalhes e historicamente realista. Desenho à mão lindíssimo e uma animação bem realizada e composta, até na sua montagem. Tecnicamente, A Princesa e o Sapo é irrepreensível. A banda sonora de Randy Newman e as canções originais são também elas brilhantes, acabando por recuperar alguma da magia esquecida pela Disney. Não é de estranhar duas delas estarem nomeadas para os Óscares 2010.

Feito em outra altura, A Princesa e o Sapo poderia soar mais banal, mas surge na hora certa, traz um certo saudosismo e revivalismo de um período dourado da Disney. É a nostalgia que nos move e que nos faz sorrir perante o filme e quão bem que nos sabe voltar à infância.



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