quinta-feira, 15 de abril de 2010

Valhalla Rising - Destino de Sangue, por Tiago Ramos



Título original: Valhalla Rising (2009)
Realização: Nicolas Winding Refn
Argumento: Nicolas Winding Refn e Roy Jacobsen
Elenco: Mads Mikkelsen, Jamie Sives, Maarten Stevenson e Douglas Russell

As expectativas perante o novo trabalho do dinamarquês Nicolas Winding Refn deixavam-nos cómodos. Na verdade, do realizador da trilogia Pusher e do bem-sucedido Bronson (2008), esperava-se um grande épico centrado na mitologia escandinava e nos vikings. Mas deste Valhalla Rising – Destino de Sangue, estreado no Fantasporto 2010 e que conseguiu ainda uma menção especial do júri internacional, não restou mais que uma grande desilusão no final do seu visionamento.



Mads Mikkelsen – que venceu o prémio de Melhor Actor por The Green Butchers (2003) no Fantasporto 2004 – interpreta uma personagem, por si só cheia de potencial, na figura do anti-herói, um guerreiro silencioso que aparentemente carrega consigo um passado misterioso. Essa noção tinha tudo para se rodear de simbolismos interessantes e transportar em si um curioso e complexo argumento, cheio de momentos de tensão. Mas na verdade não é isso que acontece. O filme sofre do problema da falta de ritmo e depois de uma sequência inicial bastante promissora, o registo do filme assenta precisamente no silêncio do guerreiro misterioso.

E esse estilo narrativo tem como consequência uma série de cenas terrivelmente maçadoras e um argumento praticamente oco e vazio, que nunca explora o rol de potencialidades que apresenta e as inúmeras bifurcações pelas quais poderia optar para culminar num clímax épico, que nunca se chega a concluir. Valhalla Rising – Destino de Sangue sustenta-se no poder de suposição do espectador, acabando por nunca chegar a qualquer interesse.



O único ponto de interesse do filme é precisamente na componente técnica. É um belo exercício de estilo, verdadeiramente naturalista e com alguns momentos de tensão e com uma cinematografia poderosa da autoria de Morten Søborg (Brødre), com recurso a inserção de céus dramáticos e filtros cromáticos. A composição artística traz de facto uma noção de grande arrojo no sentido estético, mas não passa disso. Ainda outro ponto alto acaba por ser a caracterização da personagem de Mads Mikkelsen, mas é pena que também não tenha ido além da composição física e que não tenha sido dada margem para uma maior profundidade narrativa.

No fim de contas, pouco há a dizer sobre Valhalla Rising – Destino de Sangue que se torna um mero trabalho de masturbação artística, um filme que dá primazia à estética em detrimento do argumento.


Classificação:

10 comentários:

  1. Pior filme que já vi... sem nexo, a única coisa boa é a fotografia. Mas não vale, filme tem que ser um contexto, não apenas fotografia.

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  2. Não sei se é o pior, mas realmente não tem contexto algum. E sim, a fotografia é bastante boa.

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  3. Não sei se é o pior, mas realmente não tem contexto algum. E sim, a fotografia é bastante boa.

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  4. acabei de ver o filme!
    perdi meu tempo
    parece uma nota dissonante...
    bela, mas nunca chega a lugar algum...
    fotografia espetacular, roteiro e argumento, zero.

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  5. O pior filme que assisti este ano, filme sem história e noção...

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  6. tinha tudo pra ser um otimo filme porem conseguiram estragar tudo.....

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  7. Discordo quando você diz que sustentar-se no poder de suposição do espectador é um demérito do filme. Em uma época que a maioria das narrativas audiovisuais costumam entregar tudo "bem mastigado" ao espectador, faz-se importante essa margem de interpretação que certas produções lançam mão.
    Também não concordo quando dizem que é um filme que prioriza o estético (a técnica) em detrimento do argumento, tornando-se um filme vazio. Os elementos signicativos estão colocados na produção. Há a questão do cristianismo nos guerreiros indo para a Terra Santa, o confinamento no barco sob a neblina que leva os homens ao delírio, a terra estranha (inferno) a qual acabam chegando e o conflito com os selvagens, enfim, há diversos elementos colocados que não se apoiam no diálogo das personagens, mas que se expressam sutilmente.
    Não creio também que One-Eye seja um personagem mal desenvolvido. Verdade que não sabemos nada sobre seu passado, nem como virou prisioneiro dos vikings ou a origem de sua habilidade sobrehumana, mas trata-se de um personagem cuja trajetória praticamente dita o ritmo do filme. É um personagem mudo, e o filme quase não tem falas. No capítulo fúria, vemos um guerreiro sanguinário que mata seus adversários de forma brutal. No capítulo Guerreiro Silencioso, vemos o homem que se preocupa com sua alma, o que faz com que se junte aos guerreiros cristãos. No capítulo final, vemos One Eye empilhando pedras num exercício de minuciosidade, um contraste com suas lutas sangrentas do início. O desfecho do trajeto do guerreiro é o contraste final, quando abre mão da batalha e apenas fecha os olhos.

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  8. também concordo com o comentário acima, no que se refere ao poder de suposição dos espectadores. Ele é ominoso e denso, e tem referências , talvez, na pedra de Kensington que narra a morte de 20 vikings suecos e noruegueses na Vinland (norte dos EEUU e Canadá).O inferno deles no filme, inclusive, é a própria Vinland e seus habitantes provavelmente Hurons ou Pnobscotts.
    Está claro que o fim foi meio que decepcionante para os espectadores que preferem soluções cartesianas. Mas, no plano histórico, mostra bem o fanatismo dos primeiros cristãos na Escandinávia, quando foi introduzido na Noruega por Olaff Triggvysson justamente por volta do ano 1000 (os primeiros vikings na américa já eram cristãos, tanto Thorfinn Karlsefni quanto seu primo,o próprio Leif Erickson).
    Sua morte é prevista por visões oníricas e premonitórias, tanto que constroi para sí um monumento funerário.
    Não é o melhor filme do genero, mas também não é dos piores.

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  9. pessoas que criticam este filme costumam usar argumentos vazios tipo:
    'sem graça' - ou seja, sem ação constante
    'sem conteúdo' - ou seja, sem explicações mastigadas
    'sem diálogos' - ou seja, sem explicações mastigadas

    vão assistir Avengers com seus sobrinhos que é bem fácil de entender.

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