sexta-feira, 14 de maio de 2010

Bobby Cassidy: Counterpuncher, por Carlos Antunes


Título original: Bobby Cassidy: Counterpuncher
Realização: Bruno de Almeida

Como em Tyson, há aqui um pugilista que domina em absoluto, não só o filme, mas igualmente o fascínio do realizador.
E esse é, novamente, o problema.
Ao deixar que Cassidy ocupe todo o filme com a história que tem a relatar, Bruno de Almeida fica manietado.


Por isso mesmo, Bobby Cassidy: Counterpuncher tem muito pouco de Cinema, é apenas uma entrevista longa, por vezes muito interessante, mas formalmente pobre.
Bobby Cassidy tem uma história de boxe heróica mas onde há espaço para uma injustiça que ainda lhe causa mágoa.
Ele tem tanto de vencedor como de trágico ídolo tombado, mesmo que esta sua ligação à máfia como cobrador acabe por ser pouco explorada.
Só que ele não é uma personagem com direito a um discurso pleno de tiradas e momentos brilhantes, ele é um homem com uma história a precisar de alguns cortes corajosos por parte do realizador.


Só que nem sequer a composição da entrevista em 10 rounds parece útil. A divisão parece muitas vezes uma obrigação poética para com o entrevistado.
O entrevistado e o realizador mereciam mais, o primeiro pela história sofrida mas contada com alegre recordação, o segundo pela qualidade que tinha demonstrado em The Lovebirds.
Não deixa de ser interessante, não deixa de ser um trabalho a revelar dedicação de um realizador ao seu sujeito, mas é um pedaço de cinema a precisar de se tornar mais criativo, mesmo mais arrojado.


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