domingo, 4 de julho de 2010

Atraídos pelo Crime, por Carlos Antunes



Título original: Brooklyn's Finest
Realização: Antoine Fuqua
Argumento: Michael C. Martin
Elenco: Richard Gere, Don Cheadle, Ethan Hawke e Wesley Snipes

Não me parece que haja dúvidas que o melhor do trabalho de Fuqua tem origem em retratos do corpo da Lei com uma larga amplitude moral.
O retrato de três polícias a braços com dilemas relativos ao Tempo, à Economia e à Identidade, traços perturbadores a qualquer homem mas que se agravam quando vidas - as próprias e as dos que os rodeiam - estão à mercê de qualquer acção que tomem.


São casos mais intensos do que aqueles que muitos polícias vivem, mas são esquemas da realidade que em muitos casos pode surgir.
O polícia que à beira da reforma se decide pelo que aos outros é cobardia mas que pode ser o bom senso de não procurar lutas desneessárias.
O polícia incapaz de sustentar a família para quem o dinheiro ilegal pode ter um destino melhor.
O polícia tão enterrado num disfarce que já não sabe por quem torce e a quem conbate.


Eventualmente todos tomam acções irreflectidas, deixam-se levar pelos sentimentos acumulados contra o mundo, forçados pelos outros a odiarem-se a si mesmos.
Uns terão sucesso, outros falharão irremediavelmente. Não há culpas, mas também não há louvores.
O filme não é um julgamento moral, é um retrato, um elucidar de realidades e caminhos. Os melhores polícias são também aqueles que menos opções e menos hipóteses têm no final do caminho.


Mesmo quando o filme conduz os destinos das personagens, limitando demais o que delas poderíamos esperar, tem sucesso em construí-las discretamente.
Benefício, também, do elenco. Um elenco de notáveis so serviço de um trabalho, discretos na sua mostra inquestionável de talento.
Um filme que joga na dúvida e na empatia que cada um possa ter para os problemas - e as eventuais soluções - destes homens. Fá-lo bem, mas sem deslumbre.



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