Realização: Erik Poppe
Argumento: Harald Rosenløw-Eeg
Elenco: Pål Sverre Valheim Hagen, Trine Dyrholm, Ellen Dorrit Petersen, Fredrik Grøndahl e Jon Vågenes Eriksen
Águas Agitadas é uma métafora constante. A começar pelo título cujo elemento aquático fornece de imediato uma associação ao efeito purificador da mesma na cultura judaica. Porque este filme é um processo de amadurecimento, um processo de purificação contínuo, que culmina finalmente na redenção.
Este é um dos mais belos filmes que estrearam até ao momento em Portugal. Curiosa surpresa vinda de um país a que o senso comum e os estereótipos associam a alguma frieza. Da Noruega, o realizador Erik Poppe completa a trilogia Oslo, composta por Schpaaa (1998), Hawaii, Oslo (2004) e este Troubled Water (2008). Nenhum dos outros dois chegou a ser exibido comercialmente em Portugal ou sequer chegou a ser lançado em DVD, mas perante o que vimos deste terceiro filme, dá-nos vontade de conhecer a filmografia restante do realizador.
As águas que dão título ao filme são também as celebrizadas por Simon & Garfunkel na canção Bridge Over Troubled Water e que Jan Thomas toca no enorme órgão de igreja de uma forma bela, quase como que a pedir perdão a Deus, a implorar perante o divino, a tocar o coração de todos e a expiar os pecados. O filme explora as crenças, e o perdão – quando nos perdoamos a nós próprios e quando alguém nos perdoa. E sempre a água. Mas curiosamente a água que dá vida, a água que no seu final redime, é também a mesma que provoca a morte. É a mesma que gera dúvidas no coração e nas lágrimas de dois pais amargurados pela injustiça da morte de um filho que lhes foi tirado cedo demais. É a mesma água que faz um homem procurar uma vida normal, quase como instinto. É a mesma água que revela a verdade que distorce os pensamentos. A mesma água que nos faz – tal como as personagens do filme – ter as mesmas dúvidas, do início ao fim do filme. A água que nos divide entre qual dos lados da história tomar. É a mesma água que desconstrói as ideias pré-concebidas. É a mesma água que divide o preto e o branco em tonalidades acinzentadas.
Tecnicamente, Águas Agitadas é bastante virtuoso. A realização de Erik Poppe com belíssimos planos e uma fotografia de tons ocres, a banda sonora fascinante de Johan Söderqvist (do sueco Let the Right One In) garantem ao filme um tom quase idílico, não obstante os dramas experienciados. Mas também o argumento que surpreende pelas duas vertentes da história – que nos faz compreender melhor os meandros da trama – tem uma sensibilidade tamanha que faz o espectador nunca se sentir distante das personagens. Uma narrativa a dois tempos, com bastantes flashbacks – que embora seja um recurso banal, resultou bem aqui.
Este é um dos mais belos filmes que estrearam até ao momento em Portugal. Curiosa surpresa vinda de um país a que o senso comum e os estereótipos associam a alguma frieza. Da Noruega, o realizador Erik Poppe completa a trilogia Oslo, composta por Schpaaa (1998), Hawaii, Oslo (2004) e este Troubled Water (2008). Nenhum dos outros dois chegou a ser exibido comercialmente em Portugal ou sequer chegou a ser lançado em DVD, mas perante o que vimos deste terceiro filme, dá-nos vontade de conhecer a filmografia restante do realizador.
As águas que dão título ao filme são também as celebrizadas por Simon & Garfunkel na canção Bridge Over Troubled Water e que Jan Thomas toca no enorme órgão de igreja de uma forma bela, quase como que a pedir perdão a Deus, a implorar perante o divino, a tocar o coração de todos e a expiar os pecados. O filme explora as crenças, e o perdão – quando nos perdoamos a nós próprios e quando alguém nos perdoa. E sempre a água. Mas curiosamente a água que dá vida, a água que no seu final redime, é também a mesma que provoca a morte. É a mesma que gera dúvidas no coração e nas lágrimas de dois pais amargurados pela injustiça da morte de um filho que lhes foi tirado cedo demais. É a mesma água que faz um homem procurar uma vida normal, quase como instinto. É a mesma água que revela a verdade que distorce os pensamentos. A mesma água que nos faz – tal como as personagens do filme – ter as mesmas dúvidas, do início ao fim do filme. A água que nos divide entre qual dos lados da história tomar. É a mesma água que desconstrói as ideias pré-concebidas. É a mesma água que divide o preto e o branco em tonalidades acinzentadas.
Tecnicamente, Águas Agitadas é bastante virtuoso. A realização de Erik Poppe com belíssimos planos e uma fotografia de tons ocres, a banda sonora fascinante de Johan Söderqvist (do sueco Let the Right One In) garantem ao filme um tom quase idílico, não obstante os dramas experienciados. Mas também o argumento que surpreende pelas duas vertentes da história – que nos faz compreender melhor os meandros da trama – tem uma sensibilidade tamanha que faz o espectador nunca se sentir distante das personagens. Uma narrativa a dois tempos, com bastantes flashbacks – que embora seja um recurso banal, resultou bem aqui.
No plano da interpretação temos o destaque para Pål Sverre Valheim Hage e Trine Dyrholm. Duas perspectivas, dois actores absolutamente geniais que transmitem a dor e o drama de uma forma arrepiante. A culpa, a dor, numa história clássica de redenção. Águas Agitadas é um drama profundo, é um caminho, uma história de redenção, de dúvida e verdade. E mesmo que o final peque por ser excessivamente explicativo, por exibir de forma linear a conclusão esperada, na verdade era necessário que no final a redenção se desse. E o alívio abate-se também sobre o espectador que sofreu pelas águas agitadas do caminho para o perdão.
Classificação:
Sem comentários:
Enviar um comentário