quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jacuzzi – O Desastre do Tempo, por Tiago Ramos




O trailer prometia diversão original. Uma comédia de riso fácil – não se esperava nada mais – mas com piadas divertidas que fariam as delícias dos fãs do género, mas também a piscar o olho aos (perdoem-me a expressão estereotipada) geeks e fãs de viagens no tempo. Até o famoso crítico Roger Ebert – de quem discordamos apenas pontualmente – apontava a este título uma expectativa agradável e tudo, menos falta de confiança por parte de quem o produziu e realizou. «Eu não fiquei desapontado», disse na sua crítica. Por aqui, voltamos a um daqueles casos menos comuns em que de facto discordo com o crítico.



Se de facto a ideia de um jacuzzi poder tornar-se numa máquina do tempo ser descabida, na verdade criava-se aqui a oportunidade de criar algo verdadeiramente curioso. Infelizmente o argumento escrito a três por John Morris, Sean Anders (trabalharam juntos para She’s Out of My League) e Josh Heald (criador da história original) perde a grande maioria das oportunidades em criar algo realmente hilariante. Se a ideia era um mash-up entre Back to the Future (1985) e The Hangover (2009) o resultado ficou aquém do esperado. A concepção do filme não tem nem a originalidade de um e o divertimento do outro. As piadas são fáceis e especialmente com recurso a referência sexuais, que de facto poderiam ser bem-vindas (tal como resultavam bem em The Hangover, ou seja, devidamente contextualizadas), se não acabassem por ser gratuitas e por fim, brejeiras.

Jacuzzi – O Desastre do Tempo pode ser minimamente interessante para os saudosistas e fãs dos anos 80. Não deixamos de nos rir com as piadas com referências a ícones e cultura pop da década de 80, como a Michael Jackson, aos Poison… ao vestuário colorido e berrante, ao néon, ou ainda a objectos como o walkman. Ou ainda à banda sonora revivalista da época (sabe mesmo bem ouvir Joy Division, entre outros). Mas no fim de contas tais referências não são suficientes para salvar o filme da desgraça.



O elenco é minimamente competente. Crispin Glover (havia entrado em Back to the Future) garante algumas das melhores cenas do filme e sempre que surge, fica a expectativa do que realmente irá acontecer com a sua personagem. Um piscar de olho aos fãs da temática de ficção-científica. Ou ainda Craig Robinson, que consegue a mais divertida cena do filme, quando canta um tema dos Black Eyed Peas a uma plateia demasiado “nova” para tal. Já John Cusack remete-se a figurante de luxo, sem grande impacto na trama e acabando por servir apenas como motivo para dar uma lição de vida e de moral no fim da história. O mesmo se passa com Chevy Chase, que tenta imitar o carisma natural de Zach Galifianakis (sem sucesso).

No geral, o filme é um dos mais fracos do ano. Mesmo avaliado à luz do género, dá pena ver boas ideias desperdiçadas, especialmente quando o filme é realizado por Steve Pink, argumentista de High Fidelity (2000) (que é um prodígio nas suas referências à cultura pop). É mesmo uma pena que se tenha resumido a humor brejeiro e banal. No fim de tudo, o mais positivo no filme é a sua curta duração.



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