segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Vale das Bonecas, por Carlos Antunes


Título original: Valley of the Dolls
Realização: Mark Robson
Argumento: Helen Deutsch e Dorothy Kingsley
Elenco: Barbara Parkins, Patty Duke, Sharon Tate e Paul Burke

Valley of the Dolls é um melodrama em parte femininista, mas acima de tudo um catálogo moralista e demonstrativo do leque de erros que as mulheres devem evitar.
Agregado de todos os horrores de Hollywwod e de todos os constrangimentos a que as mulheres estão sujeitas numa relação, Valley of the Dolls faz menos a apologia da mulher do que a apologia do choque social.


Três mulheres que se tornam amigas e que partilham duas características: uma imensa ambição e amores mal avaliados.
Cada uma delas sofrerá diferentes consequências da sua maneira de ser, tanto no trabalho como nas suas relações.
Daí que o conjunto das três amigas seja como uma tabela de acontecimentos do que aconteceria às mulheres libertas (libertinas?), com qualquer uma das opções do destino da carreira a ser combinada com qualquer uma das opções do destino do amor cego.


A demonstração do mundo sórdido não vinha só da história de riscos e erros, mas igualmente de uma sexualização mais evidente - não mais forte, no entanto - do cinema de massas.
Assim aliavam o poder de choque ao poder de atracção, oferecendo uma ilusória abertura desse mesmo mundo ao público recatado.
Tanto assim é que o estúdio traiu o livro com um final feliz que poderia ter sido roubado a qualquer melodrama barato.
O confronto do público com os vícios da própria indústria tinham de ser diluídos antes mesmo do público sair da sala.


O filme tem uma estética reconhecidamente da década de 1960, uma estética pop e banalizada que o tempo tratou de reforçar como
Mesmo quando explora a estética - sobretudo a cor e alguma composição de planos - dos melodramas dos anos 1950 fá-lo decaindo para aquilo que hoje diríamos ser a versão televisiva do imaginário da época.
Isso, mais do que a história, prejudica o filme que, aquando da sua estreia, causou algum impacto, mas que envelhece cada vez pior, gerando mais culto como "mau filme" do que como filme capaz de ter aberto mentalidades.



Sem comentários:

Enviar um comentário