Título original: Le Refuge
De François Ozon tinha, até hoje, apenas boas memórias, algo que este Le Refuge vem agora trair.
Se reconheço que a sua forma de ser cinema está presente nele, devo também lamentar que essa sua presença paire como uma obrigação.
Se reconheço que a sua forma de ser cinema está presente nele, devo também lamentar que essa sua presença paire como uma obrigação.
As suas mulheres complexas, sofridas, desejosas. Maravilhosos seres que não se entregam facilmente ao espectador.
As relações, neste caso em torno da mulher, mas estendendo-se sem que as vejamos acontecer, fantasmagorias que só se iluminam quando já estão concretizadas.
Tudo ardente em volta das personagens, até o mar. Daí a fuga, daí a dúvida, daí a estranheza das decisões de última hora.
Isto com a morte como início catalisador e contemporizador destas relações a surgirem e a verterem das personagens e, também, dos seus corpos discretamente erotizados.
Conhecemos estes temas na obra de Ozon, conhecemos a sua fixação muito bem concretizada.
As relações, neste caso em torno da mulher, mas estendendo-se sem que as vejamos acontecer, fantasmagorias que só se iluminam quando já estão concretizadas.
Tudo ardente em volta das personagens, até o mar. Daí a fuga, daí a dúvida, daí a estranheza das decisões de última hora.
Isto com a morte como início catalisador e contemporizador destas relações a surgirem e a verterem das personagens e, também, dos seus corpos discretamente erotizados.
Conhecemos estes temas na obra de Ozon, conhecemos a sua fixação muito bem concretizada.
Não é repetitivo o que Ozon faz, embora não seja a primeira vez que fala da maternidade e dos elementos que a afectam, mas sente-se que neste filme há momentos em que só está a filmar por filmar.
Quando ele brinca com o vácuo, com o espaço onde a vida está em penumbra, quase sempre Ozon venceu.
Neste caso falhou-lhe a mão, falhou-lhe o olhar, falhou-lhe a construção das fronteiras ténues que traziam o vácuo para o interior da história das suas personagens.
Quando ele brinca com o vácuo, com o espaço onde a vida está em penumbra, quase sempre Ozon venceu.
Neste caso falhou-lhe a mão, falhou-lhe o olhar, falhou-lhe a construção das fronteiras ténues que traziam o vácuo para o interior da história das suas personagens.
Não lhe falhou tudo porque Isabelle Carré lhe entregou o corpo grávido e o talento que é o que verdadeiramente a alumia aos olhos dos restantes.
Isabelle Carré está magnífica e Ozon sabe vê-lo, sabe explorá-la com o toque cuidado da câmara que parece afagar um bem demasiado precioso para ser encarado pelo mundo sem o seu filtro.
Isabelle Carré está magnífica e Ozon sabe vê-lo, sabe explorá-la com o toque cuidado da câmara que parece afagar um bem demasiado precioso para ser encarado pelo mundo sem o seu filtro.
Com ela, mais uma vez Ozon mostra que sabe filmar actrizes, corpos, personalidades e auras de forma única no Cinema presente, com uma intimidade invejável que nos submerge.
O resto do universo dentro deste filme é que pareceu não ter nada a contar.
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