terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Review: Spartacus: Blood and Sand - temporada 1


Spartacus: Blood and Sand é uma série que tem tanto de bom como de mau e, dependendo da tolerância que se consegue ter àquilo que é mau poderá ser uma série boa ou má. Para começar posso dizer que se tentassem juntar os filmes 300, Sin City e Gladiador, sairia esta série (ainda assim o número de cabeças cortadas em Spartacus consegue ser superior ao de Sin City).

Comecemos então pelo lado negativo, para que no fim não pareça tudo mau. E estando a falar de Spartacus, obviamente começa-se pelo uso e grande abuso de CGI (imagens geradas por computador) e filtros cromáticos. Aquilo que me despertou a atenção logo nos primeiros 5 minutos foi a inclusão de céus dramáticos cuja intenção nunca poderia ser passarem por verdadeiros e que se revelou uma das maiores constantes ao longo das mais variadas cenas. Aliando a isto os filtros cromáticos em praticamente todas as cenas de exterior e em muitas de interior, a sensação de irrealidade torna-se demasiado evidente.


Outro uso abusivo é, claramente, nas cenas de luta, quer a nível dos efeitos obtidos com o sangue, quer na penetração das armas nos corpos. Muitas cenas deste género são ocultadas por capacetes ou ângulos que não permitem uma visualização directa, mas as poucas que são mostradas normalmente resultam em algo semelhante ao que se pode ver na imagem. Quanto ao sangue, é uma mistura entre as cenas de 300 e de Sin City. Semelhante a 300 pela quantidade de sangue perdida de cada vez e Sin City entra aqui pela qualidade de irreal que o sangue apresenta, lembrando muitas vezes a escolha do tom vermelho em destaque no referido filme.

make gif


Spartacus cai também em diversos outros clichês de género, como slow motions em número e duração exagerados e a banda sonora (por favor, que apareça um filme ou série deste género em cuja banda sonora não entrem guitarras com distorção). E decerto que ninguém se importava que cortassem uma ou duas cenas cheias de CGI em prol de poderem pagar aos figurantes para participarem em mais cenas, pois já era cansativo ver os mesmos figurantes em cenas repetidas das bancadas da arena.

Dito isto, a verdade é que eu vi a série na sua totalidade, o que dificilmente teria acontecido se ela fosse simplesmente má. Não é. O que acontece é que pegam numa série com argumento e elencos de luxo e ridicularizam-na com CGI. A equipa de argumentistas conseguiu criar os dois vilões perfeitos, Lucretia e Batiatus, e criar em torno deles todo um mundo desconhecido aos olhos de muitos, o mundo dos lanistas e gladiadores dentro e fora da arena. Não é fácil fazer com que se odeie duas personagens, mas ao mesmo tempo se compreendam as suas acções e é nisso que os argumentistas melhor alcançaram a excelência. Contudo, os plot-twists incorporados são também de grande qualidade, raramente dando indícios da direcção a que levam.


O elenco tem em destaque os óbvios John Hannah (que ainda leva crédito extra por conseguir ocultar grande parte do seu pesado sotaque escocês) e Lucy Lawless, mas o devido crédito deve também ser dado a Andy Whitfield (Spartacus), Peter Mensah (Doctore/Oenomaus) e Manu Bennett (Crixus). Num plano ligeiramente inferior, talvez pelos papéis atribuídos, temos Viva Bianca (Ilithyia), Nick Tarabay (Ashur) e Lesley-Ann Brandt (Naevia).

Por fim, falta referir uma equipa cujo trabalho exímio abrilhantou muitas vezes a série, a de caracterização e maquilhagem, sem a qual Spartacus não conseguiria absolutamente nada. O que seria de um gladiador sem cicatrizes convincentes?

6 comentários:

  1. Concordo com tudo, principalmente sobre a Lucretia e o Batiatus. Que vilões fabulosos! Acho é que, no meu caso, consigo ignorar o CGI um bocadinho melhor e não me incomoda tanto. =P Gosto bastante da série e estou muito curiosa relativamente à prequela que estreia na Sexta-feira. =)

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  2. Ou seja, não gostaste. Nota-se claramente o esforço que tiveste por dizer bem mas foi dito sem entusiasmo. Não tem mal nenhum não teres gostado, como tu tantos. É um pouco como eu e os Sons Of Anarchy: se não tivesse motas e motards até gostava.

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  3. Pois, lá está, é uma série que depende muito da tolerância que tens ao que é mau e a tua tolerância é maior do que a minha (eu só tenho pena de não ter conseguido fazer um gif de uma cena do segundo episódio onde o Doctore está a treiná-los e aparece por duas vezes à frente as imagens do treino). De qualquer modo vou ver o Spartacus: Gods of the Arena.

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  4. Gostar, gostar... não, não gostei. Mas aquilo que escrevi de bem foi sem esforço, acredita (mesmo que não tenha parecido). Acho o elenco simplesmente fabuloso e apesar de muitos dizerem coisas horríveis do argumento eu não sou uma dessas pessoas porque apesar de tudo gosto do argumento. Acho é que teria sido uma série espectacular sem aquele CGI todo.

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  5. Já eu curti demais a primeira temporada. Acredito, ao contrario do que pensa, que a computação gráfica das cenas abrilhantava mais ainda a ação, dando um ar de quadrinhos. Provavelmente com menos sangue eu gostaria menos. Visualmente a serie é fantástica. Bem acima do que eu esperava quando comecei a ver. Argumento não totalmente inovador, porém envolvente o bastante para me fazer esquecer de respirar em algumas cenas. Creio que a maneira como a estoria é contada neste caso é muito mais importante do que um argumento revolucionário.

    We'll kill them all! x2

    E vamos para a segunda temporada!

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