O sexto dia do Festival de Cannes era com certeza o mais ansiado do certame. Quem ansiou e desesperou durante dois anos pela estreia do novo filme do realizador Terrence Malick, teve a oportunidade de finalmente assistir à antestreia mundial de The Tree of Life. Porém, talvez as expectativas elevadas não tenham surtido o melhor efeito na crítica. A verdade é que as reacções estiveram longe de ser unânimes (o que no fim de contas não foi uma surpresa), havendo inclusive relatos de grandes vaias no final da sessão.
Acredita-se que esta seja a inevitável Palma de Ouro, mas será isso possível? Há quem afirme que este é um «filme sensorial, caleidoscópio de imagens (...) uma experiência única e majestosa», «o mais ambicioso e experimental filme de Malick», mas também «o menos coeso». No entanto a crítica é unânime na aclamação na estética do filme, desde a fotografia à mistura de som. A sensação geral que é The Tree of Life beneficia de repetidos visionamentos. Vasco Câmara comenta que «o cinema de Malikc parece que existe neste momento como celebração litúrgica de si próprio», se bem que há quem afirme que «Terrence Malick criou uma obra-prima que ultrapassa a dimensão artística do cinema», uma «reflexão épica sobre o amor e a perda». Nesse sentido muitos afirmam que este não é um filme para todos (ao invés dos que vêem no hype um objecto mainstream), havendo quem o critique por ser «mais poético que real».
Também na corrida pela Palma de Ouro, L'apollonide não conquistou a crítica. Há quem o acuse de ter uma narrativa «repetitiva, fragmentada e elíptica», por vezes «incoerente», na qual é difícil de «perdoar - e compreender - o bizarro uso da música». Ou ainda que «não possui a energia necessária para infectar até o mais vulnerável espectadores perante perante o seu desespero e leveza ocasionais».
Hors Satan foi apresentado na secção Un Certain Regard e apresentado como o «trabalho mais místico» de Bruno Dumont. Uma obra sobre «sacrifício, redenção e ressurreição», numa visão «radical e filosófica»; um filme que parte de «uma forte conotação religiosa para uma postura caricatural e hermética». Na mesma secção, Et maintenant, on va où?, novo filme de Nadine Labaki, realizadora de Caramel, «confirma as esperanças» nela depositadas. O filme foi considerado «divertido e humano», com uma «história triste, mas simultaneamente um feel good movie» e um «musical ao estilo de Christophe Honoré».
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