Título original: Stone
Realização: John Curran
Argumento: Angus MacLachlan
Elenco: Edward Norton, Milla Jovovich, Robert De Niro e Frances Conroy
Editora: PRIS Audiovisuais
Stone tem todas as peças a postos para fazerem dele um thriller de prisão, mas é algo diferente e bem mais interessante.
Trata-se de um estudo a três - na verdade, a quatro, no que é a grande surpresa e a grande personagem negligenciada do filme - do poder e da submissão.
Um estudo da forma como aquilo que parecem duas posições diferentes se podem confundir como duas formas similares de relação com o outro.
Ser submisso ou ser dominante podem ser etapas sequenciais de que todos precisam para o seu equilíbrio. Quem tem domínio burocrático pode ser sexualmente submisso para tentar depois retomar o domínio físico de uma relação. E a sequência de cada etapa de domínio e submissão, bem como as implicações que levam de umas às outras, varia entre sujeitos mas ninguém as consegue evitar.
Em cada componente da vida cada pessoaterá um destes papéis mesmo sem se aperceberem disso.
O problemas destes três casos particulares é que ou não estão conscientes de como os seus papéis variam ou estão demasiado conscientes sem o revelarem.
Jack (De Niro) tem o poder de decisão e é autoritário em casa mas à primeira hipótese deixa-se levar por uma vida sexual que censurava pensando, ainda assim, que domina os acontecimentos. Lucetta (Milla Jovovich) é intensamente sexual e capaz tanto de trair o marido como de ir para a cama com qualquer um a pedido dele.
Ambos estão confiantes no domínio do seu papel na trama, mas Stone (Edward Norton) que parece a certos momentos o mais submisso possível - a Deus e ao seu próprio estado de impotência - poderá ser o mais dominante de todos, até porque o seu passado é o de incendiário. O seu papel é o mais incerto e duvidoso, aquele com mais zonas sombrias de comportamento e, por isso, o mais importante.
Assim vai o filme, interpretado com ousadia e talento por Norton, De Niro, Jovovich (no seu melhor papel cinematográfico desde que foi Eloise para Wim Wenders em The Million Dollar Hotel) e uma Frances Conroy esquecida da publicidade ao filme mas que com o pouco tempo que tem no ecrã dá, das quatro, a mais intensa das interpretações.
Ousadia, talento e calma. Um filme que se joga todo nos diálogos e que, nem por isso, deixa de ter tensão e ritmo aceso.
Ainda bem que o filme não é o thriller que o trailer anunciava.
Extras
Making of que é, no fundo, uma pequena peça de divulgação e cinco minutos Em Filmagens sem narração contextualizadora.
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