Título original: Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides
Realização: Rob Marshall
Argumento: Ted Elliott e Terry Rossio
Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ian McShane e Geoffrey Rush
Argumento: Ted Elliott e Terry Rossio
Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ian McShane e Geoffrey Rush
A diferença entre o quarto filme dos Piratas das Caraíbas e os seus predecessores está assinalada logo pelo início do filme.
Nos anteriores a entrada em cena de Jack Sparrow era uma surpresa memorável mas neste é evidente como tal vai acontecer, vindo apenas encoberto para que não seja tão evidente a conclusão.
Depois a sua presença prolonga-se por um encontro caricato e uma cena passada no topo de coches que é longa demais e na qual não parece fazer sentido colocar a personagem de Johnny Depp.
Essa breve sucessão de cenas ineficazes e descaracterizadas é o resumo do que será o resto do filme, mesmo que se queira recusar ver esse mau augúrio.
Afinal, a realização não tem personalidade, mas havia no filme actores suficientes para contrariarem até os planos mais soporíferos. Isso não acontece porque o foco geral do filme não está apontado para eles.
O filme está mais interessado em acumular elementos supérfulos e mal urdidos, senão mesmo injustificáveis uns perante os outros.
A que servem os zombies se o Barba Negra tem um controlo total sobre o seu navio? A que servem as sereias além de deixar uma linha aberta para a sequela?
Isso não acontece apenas com elementos de pormenor, acontece igualmente com os que seriam essenciais.
A que serve o Barba Negra - sobretudo quando para ele escolheram um actor como Ian McShane - se o tempo que não passa no camarote mal dá para ele ser um secundário? A que serve o confronto entre ingleses e espanhóis a não ser para produzirem aquela cena "fulcral" da troca dos cálices que é tão mal gerida quanto é vazia de emoção?
On Stranger Tides é uma sucessão de acontecimentos e detalhes que se unem mal e que não deixam memória.
Não é tudo olvidável, mas por pouco. Há um pouco de screwball na relação entre Depp e Cruz, mas a personagem dele está perto de (oficialmente) esgotada enquanto a dela ainda não está pronta para assumir os seus 50% de protagonismo.
Concluindo a comparação com que comecei a crítica, no fim do filme aquilo em que ele foi o oposto completo dos outros três não está no novo realizador - menos talentoso e menos original - ou na perda de alguns actores; está na história que é venturosa e cómica, sim, mas que tem uma falsa complexidade, nada mais do que enchimento excessivo.
Se eu fizer um esforço consigo lembrar-me do que se passava nos restantes filmes, mas em geral só retenho vividamente as personagens de Depp e Rush e mais umas quantas aparições menores (apenas em tempo e não em qualidade).
Neste sei perfeitamente qual era o objectivo da demanda e não vi porque razão teriam de ser estas personagens e não outras quaisquer a vivê-la.
Os outros filmes eram uma história para as personagens, este é uma história apesar das personagens.
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