domingo, 14 de agosto de 2011

Sem Remorsos, por Carlos Antunes


Título original: Blitz
Realização: Elliott Lester
Argumento: Ken Bruen e Nathan Parker

A palavra "blitz" expressa o conceito de um ataque súbito e violento a uma cidade, algo que o título nacional - a par com o tipo de poster a que o filme tem direito por cá - sugere uma voragem violenta protagonizada por Jason Statham e nada mais do que isso.
Suponho que a violência seja inerente a um filme com este actor, mas estamos perante um filme que vai directo à tradição do policia duro e solitário a varrer uma cidade que se tornou mais violenta do que ele próprio.
Escolher Statham para tal é apenas surpreendente porque nos habituámos a vê-lo cair em filmes mais orientados para a linha de Crank ou as sequelas de The Transporter.
Na verdade, ele está precisamente a meio caminho entre a canastrice apropriadamente usada de Charles Bronson (de quem Statham até já tomou o lugar em The Mechanic) e a interpretação melhorada pelo tempo de Clint Eastwood.
Statham acaba por fornecer a dose necessária de acção, mas o refrescante é a forma como os dois actores que trabalham a seu lado dão o suporte interpretativo que eleva o filme acima da nota única que, caso contrário, estaria a tocar.
A presença de Paddy Considine fornece-lhe, mais do que um parceiro, uma solidez dramática feita com pouco. Já a vileza sádica mas não exagerada de Aidan Gillen - um actor que não vemos vezes suficientes no cinema, embora o seu trabalho televisivo seja memorável - é um trabalho que merecia um enfoque mais demorado.
Com eles a bordo, a recuperação do género próprio dos anos 1970 vem com um toque de comentário social actualizado para uma Inglaterra dominada por questões de imprensa. O comentário é discreto e nem sempre eficaz, mas acba por ajudar a um efeito apreciável.
O filme tem um estilo que se equilibra entre o filme de acção actual e o genuíno policial sujo de outra era. será verdade que nem todas as cenas conseguem fundir essas características num estilo uniforme, mas na sua maioria o aspecto do filme passa essa sensação com sucesso.
Que seja pela eficácia e pela memória, mas não há mal nenhum em aproveitar para ver Blitz no cinema por estes dias.

 

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