Título original: Super 8
Realização: J.J. Abrams
Argumento: J.J. Abrams
Elenco: Joel Courtney, Kyle Chandler, Elle Fanning, Riley Griffiths, Ryan Lee, Gabriel Basso e Zach Mills
Voltar, toda uma geração passada, ao ambiente de aventura juvenil de The Goonies e E.T.: The Extra-Terrestrial (entre diversos outros filmes, mas fiquemos pelos mais conhecidos) é fonte de sonhos e receios para o público que cresceu com esses filmes, permaneceu com o Cinema todos estes anos e acabou por rever, com outra bagagem, esses marcos da década de 1980.
J.J. Abrams começa bem essa demanda, cimentando as memórias mais queridas de quem sonhou fazer cinema a partir dos filmes da sua juventude e traçando um forte universo juvenil de personagens ricas.
Contribuição enorme dos actores, com todos os miúdos a serem escolhidos com enorme acerto, mas com destaque óbvio para Joel Courtney e Riley Griffiths, duas estreias repletas de prazer e uma boa dose de honestidade (identificação, se preferirem) ao interpretarem os papéis.
Os miúdos traçam o cinema feito para todos, para um conjunto familiar de espectadores que procura relacionar-se com as personagens, surpreender-se com a história e deslumbrar-se com as imagens.
Um público que se terá afastado das salas de cinema à medida que os filmes se tornaram demasiado focados na imberbidade cognitiva do público-alvo que ainda paga pelo bilhete.
Outra década, outra forma de encarar o cinema. Penetrando no século XXI, já nada pode resistir com a inocência de outrora.
O filme tem de ceder a uma visão monstruosa do alienígena e o argumento tem de desembocar numa explicação cheia de referências e conspirações.
Indo buscar uma filmagem que começa a desvendar sem mais filtros tudo o que era misterioso até à entrada do último terço do filme, J.J. Abrams volta a carregar o filme com tardias camadas de construção explanatória e um ambiente mais chegado ao terror.
O filme mostra aquilo que qualquer outro filme é capaz de mostrar hoje em dia, traíndo o que veio antes e a ambientação do espectador.
Tal como não era preciso uma explosão de cinco minutos para os assustar perante um evento que pela sua mera ocorrência superava as suas capacidades, não era necessário que o final afundasse as vivências em tempo de crise e mistérios daqueles miúdos numa resolução tão séria, tão organizada e tão extravagante.
Uma resolução que também tem deselegância cheia de disparos de aspecto falso e destruição massiva que rouba plausabilidade à existência daqueles miúdos.
Os filmes que estavam citados por Super 8 são enormes aventuras à escala dos seus jovens protagonistas enquanto este parece transformar-se numa aventura de escala superlativa que acontece a uns miúdos.
J.J. Abrams, tendo quase perdido uma boa parte do público nesse último terço do filme, tem depois a iluminação de mostrar a curta-metragem que os miúdos estavam a filmar e, com isso, recuperar o essencial do filme, aquilo que nos fez ansiar por outros tempos cinematográficos.
O imaginário, a par da imaginação, daqueles miúdos voltou a ser o ponto fulcral do filme naqueles breves instantes em que os créditos finais até já estão a passar.
O sorriso nostálgico que desaparecera regressa ainda mais aberto e o resultado das intenções do criador é mais certeiro do que parecia prometer.
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