No Festival de Veneza, as surpresas e (confirmação de expectativas) têm-se sucedido e elogiosas críticas têm sido feitas a alguns dos principais filmes da competição.
Ao quinto dia do festival estreou um dos filmes mais esperados do certame e a reacção final é que as expectativas não saíram goradas. Steve McQueen apresentou a sua segunda longa-metragem, depois da excelente estreia com
Hunger (2008), Shame, que se tornou num dos preferidos do festival e um dos principais candidatos ao Leão de Ouro. A crítica considera-o «poderoso, com um visual assombroso e com prestações cruas de Michael Fassbender e Carey Mulligan», «impossível de ser ignorado pelo júri de Veneza» e «cinema fluído, rigoroso e sério; o melhor tipo de filme para adultos».
Já o novo documentário de Al Pacino, Wilde Salome, é considerado «mais pessoal e obsessivo» que o anterior sobre Shakespeare e a peça Richard III (Looking for Richard), e simultaneamente uma «intrigante exploração da peça "Salome" de Oscar Wilde» e «um auto-retrato intimista do actor e realizador». Al Pacino foi homenageado com um Prémio Carreira.
Ao sexto dia, mais um peso pesado a adicionar à competição: Tinker, Tailor, Soldier, Spy. E o que se diz da segunda longa-metragem do sueco Tomas Alfredson? Primeiro que tudo «confirma o trabalho do cineasta em Let the Right One In», depois fala-se sobre o desempenho de Gary Oldman, com uma «serenidade calculada e uma intensidade sombria» e provavelmente já a acenar para a próxima cerimónia dos Óscares. Do filme em si há quem o considere uma «obra-prima» e há quem prefira não tecer já juízos de valor do género. Contudo na generalidade fala-se de «uma enorme atenção aos detalhes», «uma adaptação triunfal», «memorável e calmamente devastador filme de espionagem».
Já ao sétimo dia nova e memorável estreia: Wuthering Heights, nova adaptação do clássico homónimo de Emily Brontë, por Andrea Arnold. Depois de
Fish Tank (2009), a cineasta britânica apresenta a sua renovada visão do clássico inúmeras vezes já adaptado ao cinema, desta vez de uma «forma livre e nada académica» e, como tal, não adequado para puristas. A cineasta continua com a utilização do formato 4:3 (especialmente rara actualmente, ainda para mais em filmes de época), filmando de uma forma «selvagem», investindo numa «sensibilidade contemporânea», ao mesmo tempo que é «primitivo e sensual». É desde já uma das obras preferidas do festival e há quem aposte num prémio de realização para Andrea Arnold.
Já o japonês Shion Sono (parte da sua filmografia vai ser recordada no MOTELx) apresentou
Himizu, o seu mais recente filme, sobre o terramoto e tsunami de 11 de Março no norte do Japão. O cineasta continua com a sua «pouca disciplina como realizador» e o filme foi considerada «uma bizarra sobreposição de estilos», uma «estética do cinema do absurdo» e uma «adaptação, quase impossível de se ver, de um género de comédia direccionado para adolescentes japoneses».
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