domingo, 4 de setembro de 2011

Festival de Veneza 2011: Dia 3 e 4


O terceiro dia em Veneza começou com aquele que se esperava ser um dos preferidos candidatos ao Leão de Ouro deste ano. David Cronenberg apresentou A Dangerous Method (três anos depois de Eastern Promises) e as expectativas, embora não tenham saído frustradas, o filme dividiu algumas opiniões. Especialmente porque - e talvez seja esta a maior crítica ao filme - diz-se que o filme não é cronenberguizado (como diz Vasco Câmara do Ípsilon), opinião que se generaliza porque quem diz que falta a identidade e arrojo do cineasta canadiano, que conduziu um filme mais formal e contido que o esperado. Contudo, não significa isto que A Dangerous Method seja um mau filme, já que afirmam que esta é uma obra «consistente», «cativante» e «rica». Não nos parece que ganhará o prémio máximo do certame, mas já sabemos que a crítica internacional e o júri andam sempre às avessas.


Adjectivos esses que não se aplicam a Un Été Brûlant, longa-metragem de Philippe Garrel, protagonizada por Monica Bellucci e Louis Garrel, que se diz ter criado grande burburinho na sala, entre gargalhadas e apupos. A crítica fala numa «auto-paródia», que cai nos «clichés do cinema europeu» da nudez, relações extra-maritais e relacionamentos vagamente homoeróticos.


Na secção Orizzonti, foi exibida a média-metragem do português Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt. Palácios da Pena não gerou grande buzz na crítica internacional, mas foi apelidado de «radical e alternativo», designações que os jovens têm ganho perante todo o mediatismo internacional dos últimos tempos.


Ao quarto dia, Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi regressam, depois de Persepolis (2007), com Poulet aux Prunes, com Isabella Rossellini, Mathieu Amalric e Maria de Medeiros. O filme é apelidado de «amigável» e «bonito», mas que lhe falta «o imaginário» que pretendia imprimir.


Mas a grande confirmação deste dia  e que se fala que poderá ser o grande vencedor do ano foi Alps, do grego Giorgos Lanthimos. A crítica aplaudiu a nova longa-metragem do cineasta, afirmando que pelo seu estilo quase aparenta ser uma sequela de Dogtooth (2009). Alps foi considerado «divertido, triste e firmemente original», mas ao mesmo tempo bastante «formal», «expandindo a comédia aburda e composição elegante de Dogtooth».


Outra surpresa - mas esta fora de competição - foi o ecléctico Steven Soderbergh com Contagion. Não reuniu consenso, mas gerou também agradáveis críticas. Embora para alguns o filme tente ser  «simultanemente um disaster movie, thriller, drama e documentário, mas sem funcionar em qualquer um dos géneros» e «mais convencional que o desejado», para outros o filme é completamente o oposto: «entretenimento para adultos», «directo e sério», com uma «história perfeitamente credível», «não-sensacionalista e não dependente de efeitos visuais».

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