sábado, 10 de setembro de 2011

Secuestrados, por Carlos Antunes

Título original: Secuestrados
Realização: Miguel Ángel Vivas
Argumento: Miguel Ángel Vivas e Javier García
Elenco: Manuela Vellés, Guillermo Barrientos, Dritan Biba e Fernando Cayo

Tendo Cherry Tree Lane ainda relativamente fresco na memória, é impossível não ceder a alguma comparação entre esse sequestro de uma família em sua própria casa e este outro.
Desde logo porque apostam ambos num realismo muito forte, sendo que nesse aspecto Secuestrados é mais capaz, sublinhando através de planos que se demoram
No entanto, Secuestrados é sempre e apenas esse abusado voyeurismo que se satisfaz com o teste ao limite de resistência física das suas personagens mas que, pelo contrário, não testa nenhum limite de resistência do espectador.
Em qualquer outro aspecto, é o filme britânico que supera esta incursão espanhola pelo género.
Não há nenhum propósito em Secuestrados porque o filme não tenta construir algo mais do que uma história que coloca em movimento o sequestro da família e os momentos de violência que acabam por ocorrer de parte a parte.
O guião segue um padrão até nos elementos exteriores que batem à porta e são envolvidos na equação acidentalmente como vítimas úteis ao espectáculo sangrento por serem anónimas perante o público.
Incidentalmente, todas as outras personagens são também anónimas, seja qual for o seu papel - vítimas ou carrascos. Não se trata sequer de haver uma falta de conexão entre o público e as personagens, trata-se de haver uma falta construção de personagens além de traços que sejam mais do que as acções nominais ao papel sofredor e reactivo entre os quais vão oscilando no seio da situação em que se encontram.
Em Secuestrados predomina a execução e não a substância, o que o torna apenas uma hora e meia de espera na confirmação de qual o destino das personagens. Sabemos que, no final, alguns morrerão e só falta saber quais e como.
Tantos anos depois de I'll see you in my dreams, o regresso de Miguel Ángel Vivas à realização transmite, precisamente, a mesma sensação.
O realizador domina as regras do género, executa-as com muito talento, mas não tem nenhuma ideia para lhes acrescentar.
O seu método é o do revisionismo visualmente elucidado. Só que na curta havia, apesar de tudo, ambiente e ritmo que compensavam essa limitação.


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