sábado, 25 de fevereiro de 2012

Detenção de Risco, por Carlos Antunes


Título original: Safe House
Realização: Daniel Espinosa
Argumento: David Guggenheim
Elenco: Denzel Washington, Ryan Reynolds, Robert Patrick, Vera Farmiga, Brendan Gleeson e Sam Shepard

Havia um único elemento a favor de Safe House, a energia com que progride através da história mantendo o foco na acção e não em explicações de carácter.
No entanto, em tempos em que todos os filmes de acção parecem obrigados a ter uma consciência, nem mesmo este filme aparentemente desprovido de intenções escapa a pontuar a acção com elementos de crítica muitas vezes ingénua mas, sobretudo, mal enquadrada.
Se a revelação de escrúpulos dos dois personagens centrais era inevitável para os definir como heróis que o público possa apreciar - Matt Weston (Ryan Reynolds) confronta-se com os métodos extremos usados pela CIA e Tobin Frost (Denzel Washington) revela que é, tal como Weston se ameaça tornar, um agente insatisfeito com a actuação dos poderes acima dele e não (apenas) o traidor que o pintam - já aquele elogio final do estilo de liberação moral protagonizado por Bradley Manning e o site Wikileaks parece menos lógico.
Parece mesmo uma forma rápida de dar substância de significado a um filme que não o tem.
Descontando os twists tentados através dos jogos de bastidores entre Vera Farmiga e Brendan Gleeson - previsíveis e, por isso mesmo, ridículos no seu exagero em enganar o espectador ainda assim - voltamos ao essencial, a acção.
Ainda que repleta de energia, não há muito mais de favorável a dizer sobre as cenas de acção do filme. Sem particular iamginação para esse tipo de cenas, o realizador recorre à motagem para compensar a rotina do seu trabalho.
Uma montagem tão acelerada que se torna desgastante para o público que não consegue manter-se atento quando a composição global das cenas está sempre a perder-se na multiplicação de planos e consequente redução do tempo em que cada um é utilizado.
Mesmo não sendo um filme dedicado à reflexão, é inevitável reconhecer que o vazio em torno da energia do filme é demasiado grande para que mereça qualquer tipo de elogio.


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