terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo, por Tiago Ramos



Título original: Hugo (2011)
Realização: Martin Scorsese
Elenco: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Ben Kingsley, Sacha Baron Cohen, Emily Mortimer, Helen McCrory e Jude Law

Em 2011 muitos dos mais variados filmes estreados tinham - propositadamente ou não - uma mensagem comum: nostalgia e homenagem ao cinema passado. Entre algumas menos bem sucedidas em fazer isso de uma forma que soe naturalmente genuína, parece que finalmente uma traz em si a verdadeira essência do cinema em jeito de homenagem. A história que Brian Selznick criou em The Invention of Hugo Cabret, além de retomar uma série de valores tradicionais e familiares, é também ela perfeita para um cinéfilo como Martin Scorsese, daí percebermos de imediato o porquê desta sua adaptação ao cinema. 

A história porém é simples e bastante comum, admitamos; bastante ingénua também. Os diálogos são banais, bem como muitas das personagens não apresentam grande densidade. O que não quer dizer por si só que o cineasta relegou para segundo plano o argumento, mas que usou a história original (também ela bastante simples) para transmitir todo aquela sensação nostálgica dos filmes infantis e familiares da década de 80. Hugo inicia-se com um excelente plano-sequência que remete para todo o imaginário infantil, como aliás o faz durante grande parte do tempo, com recurso a objectos ou evocações simples, como escorregas, engrenagens, mecanismos, relógios, comboios, livros, filmes e segredos. Técnicas simples, mas capazes de focar o espectador no seu objectivo: estimular a nostalgia. Apesar de ser uma história infantil, Hugo deliciará muitos cinéfilos evocando genialmente as origens do cinema, dando oportunidade também de as revelar a novas gerações, revelando obras como Le voyage dans la lune (1902) ou recriando (genialmente, diga-se) La sirène (1904). O filme é uma homenagem ao Cinema, às suas origens, iniciando-se em George Méliès e terminado em Martin Scorsese que, muito oportunamente, utiliza o 3D para dar tom ao avanço do cinema, mas também para tentar surpreender o espectador da mesma forma que os pioneiros da área conseguiram. É uma utilização do 3D bastante competente (e justificada), que transmite uma perfeita sensação de profundidade de visão e que utiliza artifícios como o fumo, neve ou até partículas de pó contra a luz, para destacar esse mesmo trabalho.

Destaque também para toda a componente técnica a que Martin Scorsese já nos habituou, desde o design de produção e direcção artística (que recriam uma nostálgica e belíssima Paris dos anos 30), som e montagem bem como para a escolha do elenco, seja na pele dos jovens Asa Butterfield e Chloë Grace Moretz, na surpresa de redescobrir Sacha Baron Cohen ou na emoção de uma excelente interpretação de Ben Kingsley.

Verosímil ou não, invenção, realidade, pouco interessa. Hugo é um filme para ver e rever com toda a família. Um filme para levar os filhos e dar-lhes a conhecer e incutir-lhes o gosto pelo cinema. Porque eu posso já não me surpreender como aquelas pessoas que viram pela primeira vez imagens de um comboio a chegar a uma estação e pensavam que ia contra elas... mas quero que os meus filhos um dia sintam uma magia semelhante a essa, nem que seja com uma homenagem ao cinema em 3D.


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1 comentário:

  1. Bom filme mas fiquei com a sensação de ser um pouco longo de mais e de lhe faltar um pouco mais de acção em certos momentos

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