sábado, 25 de fevereiro de 2012

Life in One Day, por Tiago Ramos


Título original: Het leven uit een dag (2009)
Realização: Mark de Cloe
Argumento: Mark de Cloe
Elenco: Matthijs van de Sande Bakhuyzen e Lois de Jong

Life in One Day tem provavelmente uma das premissas mais interessantes de todos os filmes em exibição no Fantasporto deste ano. Na história seguimos um mundo alternativo onde toda a vida dura apenas um dia e como tal, todos os grandes eventos e sensações são vividos apenas uma única vez. Mas e quando se descobre o verdadeiro amor num mundo onde o Amor é um evento irrevogável e único? Como se consegue viver de novo esses sentimentos? A solução absolutamente criativa do holandês Mark de Cloe, inspirado num romance de A.F. Th. van der Heijden, passa por uma realidade paralela (curiosamente conhecida por "Inferno") e onde os humanos podem experienciar as mesmas situações vezes sem conta. Esta parábola literária é levada à letra pelo realizador holandês e utiliza a opção estética do split screen até ao final do filme, sendo esta uma experiência peculiar, já que habitualmente estamos habituados ao seu uso limitado nas películas.

O uso do split screen permite-lhe focar-se nos dois protagonistas e na sua busca incessante um pelo outro, como duas vidas paralelas que se espelham e ressoam entre si, com uma interessante ironia dramática. Essa opção permite uma série de detalhes, entre sons e músicas diferentes e eventos a acontecerem simultaneamente, complementados pela brilhante direcção de fotografia de Jasper Wolf e design de produção de Eric Bernhard.

Porém, mesmo esta opção estética que faz o filme se assemelhar a um grande videoclip, por mais interessante e bonita que possa ser, acaba por eventualmente cansar o espectador e fazer crer que seria melhor ver esta ideia reflectida numa curta e não numa longa-metragem. Mesmo a música original de Johan Hoogewijs equilibrada com outras músicas bem conhecidas, acabam por a dada altura se sobrepor demasiado à narrativa, num tom demasiado elevado e que acabam por ser também fatigantes. E mesmo a história de Life in One Day acaba por sucumbir a níveis demasiado elevados de melodrama, tornando-se exageradamente melosa quando poderia ser bem mais subtil. Contudo, acaba por ser uma proposta bastante curiosa e interessante e que para os amantes de grandes histórias de amor irá com certeza agradar.


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