Um dia mais calmo de festival, com destaque para a primeira sessão da noite: o argentino Un cuento chino que trouxe de volta ao certame o actor Ricardo Darín e que venceu um prémio Goya de Melhor Filme Ibero-Americano. O alemão Hell já havia sido visto durante o pré-Fantas e mereceu um breve comentário e uma crítica alargada. Uma nota apenas para algo que me incomodou na sessão das 21h15 no Grande Auditório e que não sei se deveu a algum atraso nas entradas à sala por parte da organização ou se foram as pessoas que realmente chegaram atrasadas, mas não deixa de ser bastante incómodo para quem chega a horas ter ainda dezenas de pessoas em pé e a falarem alto após cinco minutos de filme.
A temática do filme, o choque de culturas e a convivência forçada, não é original. E de facto já foi bastante melhor aproveitada em outros filmes, apenas ganhando pontos aqui pelo facto da comunicação ser basicamente inexistente. Mesmo sabendo que este seja um filme ligeiro e cómico, a verdade é que me pareceu menos simpático e engraçado do que quis parecer e soa sempre a uma tentativa (falhada) de consolidar várias características do cinema de Juan José Campanella com as comédias norte-americanas. Sebastián Borensztein falha em criar uma história mais que apenas medíocre, acabando por parecer sempre pouco convincente na sua intenção, especialmente quando encerra com um arco dramático desnecessário, encetando a trama com uma ligação ridícula ao início do filme (início esse que curiosamente é baseado em factos verídicos). E o que acabou por me irritar ainda mais é a forma exageradamente estereotipada como o realizador/argumentista retratou a figura do chinês e a sua relação com o argentino, soando-me excessivamente ofensiva e xenófoba. Vale ao filme, o enorme talento de
Ricardo Darín e a sua brilhante composição. Mais uma vez. Nada de novo, portanto.
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