sexta-feira, 6 de abril de 2012

"Florbela" supera os 26 mil espectadores - e o mercado de distribuição em Portugal


Os bons resultados de bilheteira de Florbela em Portugal poderão dar pistas para o caminho do cinema português. Um sistema de distribuição menos centralizado que, em vez de apenas esperar que os espectadores cheguem ao filme, leva o filme aos espectadores que segue a linha do que foi feito por Filme do Desassossego (2010), que superou os 28 mil espectadores ou com a Hora Mágica Audiovisuais que também com uma distribuição itinerante fez com que Contrato tivesse mais de 45 mil espectadores.  Uma distribuição itinerante onde a produtora Ukbar Filmes é simultaneamente distribuidora e utilizada também por outras produtoras portuguesas como o caso da Midas Filmes, Jumpcut ou da O Som e Fúria.

Esta semana, segundo os dados mais recentes do ICA, o filme de Vicente Alves do Ó atingiu os 26.300 espectadores com menos de um mês de exibição. Um resultado que não é fantástico dentro do panorama de distribuição cinematográfico em Portugal, mas que analisado à luz dos resultados do cinema português é excelente. Basta olhar para Sangue do meu Sangue, o filme português mais visto do ano de 2011, que foi visto por 21.515 espectadores. Ou basta verificar junto dos dados oficiais acerca dos filmes nacionais mais vistos entre 2004 e 2012: O Crime do Padre Amaro figura em primeiro lugar com mais de 380 mil espectadores (um valor que nos parece agora assombroso) e curiosamente, o seu realizador Carlos Coelho da Silva tem mais dois filmes, respectivamente no quinto e sexto lugar com valores entre os 100 e os 200 mil espectadores. Actualmente no 24.º lugar de filmes portugueses mais vistos, basta por exemplo a Florbela chegar aos 30 mil espectadores (falta pouco) para passar imediatamente à 17.ª posição.

Não se trata claro de uma competição de ver em que posição Florbela terminará, mas talvez seja esta a mensagem que algo está mal no sistema de distribuição de cinema em Portugal, com um grande monopólio prejudicial ao cinema português mas, essencialmente, ao espectador que se vê muitas vezes privado de certos filmes, principalmente se viver em zonas interiores do país. Isso e uma reeducação do espectador, mas isso é outra conversa.

Sem comentários:

Enviar um comentário