terça-feira, 22 de maio de 2012

Cannes 2012: Dia 5 e 6


Ao quinto dia de competição, Cannes ficou rendida a Amour, de Michael Haneke, sendo o primeiro grande preferido à corrida pela Palma de Ouro. Algo difícil visto que o cineasta austríaco venceu recentemente com The White Ribbon (2009), pelo que alguns já dizem "Amour é o filme pelo qual Haneke deveria ter vencido a Palma de Ouro". Contudo há quem afirme que "não tem a força dramática e violenta dos trabalhos anteriores", havendo ainda quem diga que a "frieza habitual do cineasta está presente, mas num tom mais caloros e terno", num filme onde "a química dos actores é impressionante". e que "poderá marcar uma nova direcção no cinema do cineasta". Muitos dizem que inevitavelmente o filme será o candidato francês ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e irá vencer na categoria.


O dinamarquês Thomas Vinterberg regressa à competição depois de ter vencido o Prémio do Júri com The Celebration (1998). Em The Hunt abandona a estética do Dogma 95 para um "olhar refinado e profundo" de um homem que é vítima de um rumor e que acaba por ver a sua vida completamente transformada, na forma de "um poderoso thriller social e psicológico".

Na secção Un Certain Regard, La Pirogue, do senegalês Moussa Touré, foi visto como um "drama sobre a imigração previsível, mas ainda assim poderoso", enquanto que em Confession of a Child of the CenturySylvie Verheyde adapta o romance de Alfred de Musset de uma forma "insuportável, especialmente no seu voice over", enquanto que o desempenho do cantor Pete Doherty foi considerado "catastrófico".


Ao sexto dia, o destaque da competição foi para o iraniano Abbas Kiarostami na sua incursão pelo Japão com Like Someone in Love, que dividiu as opiniões, mas que é um dos favoritos à Palma de Ouro (venceu em 1997 com Taste of Cherry). O filme foi visto como uma "feliz comédia de enganos a fazer lembrar os filmes de Frank Capra e ao mesmo tempo um curioso conto de amor e redenção pessoal", enquanto do outro lado do espectro há quem afirme que é um "Copie Conforme requentado e que vagueia em círculos de uma forma aborrecida".


Alain Resnais chega, quase com 90 anos, com Vous n'avez encore rien vu e também um dos preferidos ao prémio máximo. O filme foi visto como um "atelier de representação com os seus habituais cúmplices", "um tributo do realizador ao seu amor pela sala de cinema, brincando com a estrutura e narrativa dos filmes" e que "mesmo tendo falta de coesão deixa espaço para um elenco dinâmico, num intrigante e estilizado exercício", confirmando que "Resnais trabalha melhor que a maioria".


Também em competição, o sul-coreano Sang-soo Hong chega com In Another Country, num filme que "repete o mesmo tema e estrutura dos trabalhos anteriores, numa brincadeira despretensiosa" com o bónus de suportar a originalidade de Isabelle Huppert, mas que "acaba por se revelar cansativo".

O argentino Pablo Trapero desilude com Elefante Blanco (que compete na secção Un Certain Regard), um filme com "falta de alma", "confuso" e "um completo erro de casting". Na mesma secção, Aida Begic trouxe Djeca, um "filme simples, desprovido de maneirismos", "um filme poderoso, trabalhado com nobreza e rigor", mas "por vezes demasiado inspirado no cinema dos irmãos Dardenne e com algumas soluções pouco acertadas".

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