Sétimo dia e na Croisette falou-se em inglês com a competição pela Palma de Ouro a fazer-se com um norte-americano e um britânico. Andrew Dominik chegou com Killing Them Softly, um filme "violento, cru e estilizado" e que "apesar de todo o louvor que o elenco merece, é a narrativa de Dominik que rouba as atenções", um "anti-thriller dos nossos tempos" e "provavelmente o melhor filme do ano". Porém há ainda quem tenha reservas e ache que o filme é, na realidade, um "exercício niilista e sem reflexões".
Ken Loach regressou também a Cannes (já esteve presente em 14 edições e venceu a Palma de Ouro em 2006 por The Wind That Shakes the Barley) e surpreendeu. Quem esperava de The Angels' Share apenas mais uma comédia inofensiva, viu afinal uma "filme social atrás de uma capa de comédia que apenas reforça a claustrofobia". Isto porque "apesar do tom ligeiro que predomina, Loach demonstra um agudo conhecimento da realidade da pobreza em Glasgow".
Na secção Un Certain Regard, Le grand soir de Gustave de Kervern e Benoît Delépine, foi visto como uma "anárquica e hilariante comédia, onde por trás dos elementos cómicos surge um humor negro e absurdo", enquanto que À perdre la raison, de Joachim Lafosse, foi descrito como um filme "emocional, cheio de emoções fortes que culminam num filme explosivo e que deixa o público em choque".
Já hoje e oitavo dia de festival, chegou o aguardado On the Road e afinal Walter Salles desiludiu. Isto porque trouxe um "filme bem feito e bem protagonizado", mas que é na realidade "maçador e redundante", que "apesar do elenco, é tão monótono que tem pouco potencial comercial" e que "talvez fosse preciso menos fidelidade à história de Jack Kerouac e mais narrativa cinematográfica".
Enquanto este deixou o público apático, o mesmo não se pode dizer de Holy Motors, de Leos Carax. "Um filme tão louco que pode até ganhar" e que abanou a competição por se afastar das convenções do cinema de autor. A plateia aplaudiu em grande apoteose um filme que dificilmente sairá sem um prémio do palmarés, mas que é na verdade "um dos mais estranhos filmes que já passaram por Cannes", "estimulante odisseia experimental, estranho e maravilhoso, rico e bizarro".
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