Realização: Tim Burton
Argumento: John August
Elenco de vozes: Winona Ryder, Catherine O'Hara, Martin Short, Martin Landau, Winona Ryder, Charlie Tahan e Atticus Shaffer
Há quem diga que só na animação, Tim Burton recupera o seu coração e genialidade. Injustiça ou não, a verdade é que este Frankenweenie traz de volta à vida um tipo de cineasta memorável e sensível, como já não era visto talvez desde Big Fish (2003) ou Corpse Bride (2005). Uma história de ressurreição (ou reanimação), tal como aquela que recria nesta história, um conto sensível e moral, cheio de referências cinéfilas e um sentido humano e familiar, mas com o seu toque macabro e sombrio, semelhante ao de um dos seus mais interessantes filmes, Edward Scissorhands (1990). A história já todos conhecem (a do cineasta que realizou uma curta-metragem considerada tão marcadamente assustadora para o público infantil que resultou no seu despedimento), mas que emana uma deliciosa ironia a que o próprio tema ajuda: a da ressureição de um trabalho que ilustra precisamente a mudança dos tempos - não só aquilo que era macabro e assustador já não o é assim tanto, como recupera um lado familiar no cinema que tem desaparecido nos últimos anos.
A história, essa empresta um lado de Re-Animator (1985) e um tipo de cinema série-B que é demonstrado já perto do fim e uma reinvenção da história clássica do Frankenstein (onde até referências subliminares a The Bride of Frankenstein surgem). A versão animada recupera grande parte do visual e mesmo das piadas da curta-metragem que lhe deu origem, sendo que são precisamente essas as melhores partes: deliciosamente encenadas, sensíveis, comoventes, no equilíbrio perfeito entre emoção e esse mundo gótico, negro e macabro de Tim Burton. São também a prova da excelência visual do cineasta (e da sua equipa) na utilização do stop-motion e na não-cedência ao uso da cor. Depois as referências que estão lá sempre: desde as já citadas, a outras como The Mummy (1932), Daikaijû Gamera (1965), Gremlins (1984) ou The Nightmare Before Christmas (1993), que demonstram também o interesse do filme como obra nostálgica e melancólica que é. Uma reinvenção dos clichés de Tim Burton, mas que bem doseados, resultam.
É verdade também que Frankeweenie perde força precisamente nas partes adicionais que se dedicam a preencher o esqueleto da história original. São as partes talvez mais cómicas ou mais viradas para o terror de série-B que, mesmo divertidas, exibem alguma falta de emoção ou mesmo, admitindo, de interesse. Já o 3D (e que tão ironicamente é utilizado na cena inicial do filme) é um mero acessório, fruto também da mudança dos tempos e que, mesmo não sendo invasivo, é também ele desnecessário. Destaque ainda para o trabalho a nível das vozes que, mesmo não sendo particularmente inventivo, é absolutamente delicioso pelo trabalho vocal do jovem Atticus Shaffer na personagem Edgar.
Gentil, emotivo e delicado, Frankenweenie marca o renascimento das marcas identificadoras de Tim Burton. E isso, parecendo que não, é já um grande marco. Mas talvez o grande achado seja precisamente o desse cinema familiar e que já tanta falta faz.
Há quem diga que só na animação, Tim Burton recupera o seu coração e genialidade. Injustiça ou não, a verdade é que este Frankenweenie traz de volta à vida um tipo de cineasta memorável e sensível, como já não era visto talvez desde Big Fish (2003) ou Corpse Bride (2005). Uma história de ressurreição (ou reanimação), tal como aquela que recria nesta história, um conto sensível e moral, cheio de referências cinéfilas e um sentido humano e familiar, mas com o seu toque macabro e sombrio, semelhante ao de um dos seus mais interessantes filmes, Edward Scissorhands (1990). A história já todos conhecem (a do cineasta que realizou uma curta-metragem considerada tão marcadamente assustadora para o público infantil que resultou no seu despedimento), mas que emana uma deliciosa ironia a que o próprio tema ajuda: a da ressureição de um trabalho que ilustra precisamente a mudança dos tempos - não só aquilo que era macabro e assustador já não o é assim tanto, como recupera um lado familiar no cinema que tem desaparecido nos últimos anos.
A história, essa empresta um lado de Re-Animator (1985) e um tipo de cinema série-B que é demonstrado já perto do fim e uma reinvenção da história clássica do Frankenstein (onde até referências subliminares a The Bride of Frankenstein surgem). A versão animada recupera grande parte do visual e mesmo das piadas da curta-metragem que lhe deu origem, sendo que são precisamente essas as melhores partes: deliciosamente encenadas, sensíveis, comoventes, no equilíbrio perfeito entre emoção e esse mundo gótico, negro e macabro de Tim Burton. São também a prova da excelência visual do cineasta (e da sua equipa) na utilização do stop-motion e na não-cedência ao uso da cor. Depois as referências que estão lá sempre: desde as já citadas, a outras como The Mummy (1932), Daikaijû Gamera (1965), Gremlins (1984) ou The Nightmare Before Christmas (1993), que demonstram também o interesse do filme como obra nostálgica e melancólica que é. Uma reinvenção dos clichés de Tim Burton, mas que bem doseados, resultam.
É verdade também que Frankeweenie perde força precisamente nas partes adicionais que se dedicam a preencher o esqueleto da história original. São as partes talvez mais cómicas ou mais viradas para o terror de série-B que, mesmo divertidas, exibem alguma falta de emoção ou mesmo, admitindo, de interesse. Já o 3D (e que tão ironicamente é utilizado na cena inicial do filme) é um mero acessório, fruto também da mudança dos tempos e que, mesmo não sendo invasivo, é também ele desnecessário. Destaque ainda para o trabalho a nível das vozes que, mesmo não sendo particularmente inventivo, é absolutamente delicioso pelo trabalho vocal do jovem Atticus Shaffer na personagem Edgar.
Gentil, emotivo e delicado, Frankenweenie marca o renascimento das marcas identificadoras de Tim Burton. E isso, parecendo que não, é já um grande marco. Mas talvez o grande achado seja precisamente o desse cinema familiar e que já tanta falta faz.
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