terça-feira, 12 de março de 2013

Corações Perdidos, por Tiago Ramos


Título original: Welcome to the Rileys (2010)
Realização: Jake Scott
Argumento: Ken Hixon
Elenco: James Gandolfini, Kristen Stewart e Melissa Leo

A ideia minimalista de um elenco maioritariamente de três personagens, entre as quais grandes talentos do cinema, poderia traduzir-se num resultado particularmente positivo. A narrativa deste Corações Perdidos (que chega com três anos de atraso às salas de cinema nacionais) é particularmente simples e parte do conceito da projecção psicológica, enquanto as personagens lidam com o luto. Uma ideia comum no cinema e que é aqui é explorada de forma linear, com um argumento que frequentemente assume um carácter quase episódico e de repetição de eventos que não sendo terríveis, simplesmente não conseguem suportar a estrutura de um filme com quase duas horas de duração. O mesmo acontece com Jake Scott, veterano dos videoclips, que tem algumas ideias interessantes e cria uma boa atmosfera, mas que também revela não ter capacidade de suportar o filme por completo, especialmente quando tem entre mãos um argumento frequentemente sem rumo. Vale-lhe a capacidade de dirigir os seus actores, cujos méritos próprios são o melhor do filme. Especialmente o caso de James Gandolfini e Melissa Leo, competentes e eficazes nos seus desempenhos, capazes de transmitir energia nas personagens, mesmo quando o argumento tende a reduzi-los a estereótipos. Já Kristen Stewart revela-se longe da apatia da personagem que a levou ao extremo da popularidade e mostra-se capaz de revelar mais versatilidade, mas a composição da sua personagem não ajuda, parecendo crer que basta uma maquilhagem intensa e em tons escuros, junto com um figurino reduzido, para se tornar convincente.

A problemática de Corações Perdidos é cativante, funcionando como uma espécie de redenção atrasada, a tal projecção psicológica que falava no início quando um casal após perder a sua filha, tenta corrigir o passado agora com outra jovem da mesma idade. A fórmula é clássica e padronizada, não acrescenta nada de novo ao género e sente-se a dificuldade em fugir desses lugares comuns. Mas sente-se o talento dos actores e a ambição do realizador (nem sempre perfeitamente potenciada), o que faz deste um interessante retrato sobre o luto e um filme que não é totalmente descartável.


Classificação:

1 comentário:

  1. Primeiro de tudo: gosto muito do 1º poster que ilustra o artigo.

    Sobre a review... compreendo-te conforme te explicas mas não concordo muito. Acho o filme bastante mais interessante do que meramente dizer que "não é totalmente descartável". Vejo-o como um filme simples. Sim é e é precisamente aí que reside a força do filme. Ser um indie simples (menos é mais) que dedicadamente, e sem subterfúgios, se dedica focadamente ao que se dedica a abordar sem desvios. Trata dois temas em simultâneo que num caso é a dor do luto e noutro é o ter de enfrentar a vida quando não se tem perspectivas e solitariamente. Ambos sendo assuntos delicados, chegam ao fim bem resolvidos, conseguindo ambos obter um consolo e a redenção. Este é um filme que com a sua simplicidade, a extrema qualidade dos seus 3 actores principais (sim, muita gente tem vergonha de dizer ou admitir que a Kristen Stewart é uma grande actriz, quando está nos projectos que a sabem usar) alcançam uma boa parte de redenção para as suas vidas e ganham alento para continuarem a viver.

    8/10

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