segunda-feira, 18 de março de 2013

Oz: O Grande e Poderoso, por Tiago Ramos


Título original: Oz: The Great and Powerful (2013)
Realização: Sam Raimi
Elenco: James Franco, Michelle Williams, Rachel Weisz, Mila Kunis e Zach Braff

Como fazer a prequela de uma história cujos direitos não foram cedidos? Tal tarefa parecia complicada de fazer, visto que apesar da história original de L. Frank Baum ser de domínio público, a Warner Bros., detentora dos direitos de The Wizard of Oz (1939), não cedeu os direitos das icónicas adições do seu filme, entre essas, os sapatos de Dorothy ou a célebre frase "we're not in Kansas anymore". Contudo esse é o menor dos problemas neste Oz: O Grande e Poderoso que, apesar dessas óbvias e aparentemente castradoras complicações, foram muito bem contornadas, com o filme a conseguir fazer referências óbvias e claras ao universo já conhecido e até com vários paralelos a poderem-se fazer entre este e o clássico dos anos 30. Opções engenhosas e narrativamente competentes que de facto não envergonham o original e que poderão cativar o espectador. São bem vindos aqueles momentos em que se mantém a ideia do filme original, ao estabelecer paralelos entre a vida real da personagem principal e as suas peripécias no mundo de Oz e a eterna dúvida se tudo aquilo não passaria de um sonho. Mas o problema não está aí, já que nostalgia há de sobra, mas sim na gestão dos recursos para a realização da obra. À luz dos dias actuais, os vastos recursos técnicos poderiam ser uma vantagem para uma produção de dimensão tão fantasiosa, mas no caso de Oz: O Grande e Poderoso observamos precisamente o contrário, já que parece que o filme se deixa submergir por uma avalanche de efeitos visuais que apenas distanciam cada vez mais o espectador do conteúdo da obra. Tendo em mãos tão poderoso domínio técnico, Sam Raimi esquece-se de criar e imaginar, parecendo muitas vezes que estamos perante um daqueles jogos de vídeo actuais que têm a possibilidade, com o auxílio de uma câmara, de fazer com que o jogador se veja no seu interior. Ou seja, uma fantasia tão irreal que o clássico de Victor Fleming, com menos recursos, conseguia fazer um brilharete maior e com Sam Raimi a parecer um mero tarefeiro.

As personagens secundárias que acompanham agora o protagonista na trama são até bastante cativante, especialmente uma boneca de porcelana de tão carinhosa e enérgica actuação, mas o problema surge quando mesmo essa personagem digital tem uma maior consistência na sua interpretação que os actores principais. Caso de James Franco que não consegue evitar a sua pose de canastrão (embora aqui mais adequada à personagem) e um trabalho execrável e pouco convincente de Mila Kunis. Salvam-se os desempenhos de Rachel Weisz e Michelle Williams (esta última não era difícil ser superior à Glinda do clássico) que, mesmo assim, não conseguem fazer muito com aquilo que os argumentistas lhes puseram nas mãos. A história vai-se sucedendo sem grande imaginação, sem ser um ou outro momento mais nostálgico, fazendo prolongar em demasia a agonia de um argumento vazio e até pouco divertido (ao contrário do esperado) por cerca de duas horas e dez minutos. É um filme exagerado e demasiado deslumbrado com o poder técnico (um pouco como aconteceu com Alice in Wonderland, de Tim Burton), com pouca da frescura do filme original. Vale-lhe uma sequência inicial, a preto e branco e em formato 4:3, para não desacreditarmos as capacidades de Sam Raimi enquanto realizador. Mas é lamentável que tenhamos algo mais atroz do que Oz.


Classificação:

1 comentário:

  1. Achei o filme bem legal, com uma história bem amarrada. Os personagens pelo menos fazem a regra número 1 de qualquer autor (nunca mudar a personalidade).

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