Realização: Paul Schrader
Argumento: Bret Easton Ellis
Elenco: Lindsay Lohan, Nolan Gerard Funk, James Deen, Gus Van Sant e Amanda Brooks
Maioritariamente financiado pela plataforma Kickstarter, The Canyons é o primeiro de uma série de filmes produzidos por financiamento colectivo a chegar agora aos cinemas (ou neste caso em video on demand). Longe de ser uma obra-prima, a reunião improvável do realizador Paul Schrader com o argumentista Bret Easton Ellis não é afinal tão descabida quanto poderia parecer, com ambos a compartilharem uma mesma visão crua, sexualizada e desinspirada. The Canyons começa (e finalizará também) com uma magnífica sequência com imagens tragicamente belas de cinemas abandonados. O filme parece vaticinar assim o fim do cinema ou, melhor, parece passar-se nesse pós-fim do cinema. Daí que a partir dessas trágicas imagens e entrando numa visão oca e negra de Hollywood, encontremos duas estrelas como protagonistas que simbolicamente retratam esse mesmo fim ou mudança do cinema actual. Por um lado, Lindsay Lohan, outrora estrela da Disney, caída numa vida de excessos e loucuras, por outro, James Deen, um dos principais actores porno internacionais da actualidade, no seu primeiro papel de ficção não-pornográfica.
Thriller psicossexual, com inspirações noir, The Canyons é precisamente sobre esse olhar desinspirado de uma indústria caída na desgraça. Indústria que se preocupa mais com todo o aparato daí adjacente do que com os filmes propriamente ditos e que por isso condenam o cinema ao seu fracasso. O argumento de Ellis trata o tema com aquele olhar cruel e sarcástico, com um Schrader que parece agora renovado e nos traz aquele que é provavelmente um dos seus filmes mais estilizados de sempre. A banda sonora, maioritariamente electrónica, da autoria de Brendan Canning e da dupla Me and John, dá esse vislumbre cool aparente, que o argumento quer recriar como a falsidade e a vida de aparências em Hollywood (e onde nenhuma personagem parece conseguir merecer a simpatia do espectador). Mesmo com os seus clichés na construção das personagens, assim como os seus "ganchos" melodramáticos, o filme prima pela sua atmosfera dos 80s/90s que Bret Easton Ellis sempre soube muito bem retratar, assim como uns olhares extremamente sexualizados, eróticos e até campy (nota-se o dedo de Gus Van Sant, que também tem um pequeno crédito de actor).
Longe de serem magníficas, as interpretações são consistentes quando observadas pelo ponto de vista da narrativa, com James Deen a surpreender (mesmo que se ceda a alguns exageros na fase final) e uma Lindsay Lohan numa das suas melhores interpretações de sempre, a adoptar bem o tom da personagem (e não só por toda a questão simbólica). Obviamente que The Canyons sofre de alguns problemas severos na narrativa e concepção, caindo em algum exagero, mas exerce um merecido fascínio pela forma como veicula a mensagem e o equilíbrio precário de Hollywood.
Maioritariamente financiado pela plataforma Kickstarter, The Canyons é o primeiro de uma série de filmes produzidos por financiamento colectivo a chegar agora aos cinemas (ou neste caso em video on demand). Longe de ser uma obra-prima, a reunião improvável do realizador Paul Schrader com o argumentista Bret Easton Ellis não é afinal tão descabida quanto poderia parecer, com ambos a compartilharem uma mesma visão crua, sexualizada e desinspirada. The Canyons começa (e finalizará também) com uma magnífica sequência com imagens tragicamente belas de cinemas abandonados. O filme parece vaticinar assim o fim do cinema ou, melhor, parece passar-se nesse pós-fim do cinema. Daí que a partir dessas trágicas imagens e entrando numa visão oca e negra de Hollywood, encontremos duas estrelas como protagonistas que simbolicamente retratam esse mesmo fim ou mudança do cinema actual. Por um lado, Lindsay Lohan, outrora estrela da Disney, caída numa vida de excessos e loucuras, por outro, James Deen, um dos principais actores porno internacionais da actualidade, no seu primeiro papel de ficção não-pornográfica.
Thriller psicossexual, com inspirações noir, The Canyons é precisamente sobre esse olhar desinspirado de uma indústria caída na desgraça. Indústria que se preocupa mais com todo o aparato daí adjacente do que com os filmes propriamente ditos e que por isso condenam o cinema ao seu fracasso. O argumento de Ellis trata o tema com aquele olhar cruel e sarcástico, com um Schrader que parece agora renovado e nos traz aquele que é provavelmente um dos seus filmes mais estilizados de sempre. A banda sonora, maioritariamente electrónica, da autoria de Brendan Canning e da dupla Me and John, dá esse vislumbre cool aparente, que o argumento quer recriar como a falsidade e a vida de aparências em Hollywood (e onde nenhuma personagem parece conseguir merecer a simpatia do espectador). Mesmo com os seus clichés na construção das personagens, assim como os seus "ganchos" melodramáticos, o filme prima pela sua atmosfera dos 80s/90s que Bret Easton Ellis sempre soube muito bem retratar, assim como uns olhares extremamente sexualizados, eróticos e até campy (nota-se o dedo de Gus Van Sant, que também tem um pequeno crédito de actor).
Longe de serem magníficas, as interpretações são consistentes quando observadas pelo ponto de vista da narrativa, com James Deen a surpreender (mesmo que se ceda a alguns exageros na fase final) e uma Lindsay Lohan numa das suas melhores interpretações de sempre, a adoptar bem o tom da personagem (e não só por toda a questão simbólica). Obviamente que The Canyons sofre de alguns problemas severos na narrativa e concepção, caindo em algum exagero, mas exerce um merecido fascínio pela forma como veicula a mensagem e o equilíbrio precário de Hollywood.
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