Realização: Chan-wook Park
Argumento: Wentworth Miller
Elenco: Mia Wasikowska, Nicole Kidman e Matthew Goode
Por razões alheias ao espectador, um dos eventos cinematográficos do ano chega a Portugal (e não só) em DVD, sem sequer ter direito a uma estreia comercial. É um daqueles acontecimentos mais ou menos frequentes (e mais comuns em produções independentes) onde se ignora a visibilidade de um pequeno evento em favor de um ponto de vista meramente comercial - recordamo-nos do caso (500) Days of Summer, em 2009.
Stoker marca a estreia do cineasta sul-coreano Chan-wook Park em Hollywood, com a sua primeira longa-metragem falada em inglês. Algo que tem acontecido frequentemente e recentemente aconteceu ainda com outros dois realizadores do mesmo país: Kim Jee-Won com The Last Stand (2013) e Joon-ho Bong com Snowpiercer (2013), este último ainda inédito em Portugal. É verdade que esta transição dos realizadores para um mercado mais abrangente e por consequência mais competitivo, nem sempre traz os melhores resultados, mas assumimos que em Stoker estamos perante um dos mais interessantes trabalhos do ano. Notamos de imediato - mesmo no genérico inicial - o primor e atenção dados à forma, algo a que o realizador sempre deu muita importância e facilmente visível em outros dos seus trabalhos como Oldboy (2003) e Lady Vengeance (2005), entre outros e a grande maioria com Chung-hoon Chung como director de fotografia. São os olhares elegantes, precisos e detalhes de ambos que concedem a Stoker alguns dos mais bonitos enquadramentos do ano, que contribuem também - narrativamente falando - para a atmosfera intrigante e negra que o filme vai subtilmente desenvolvendo.
O argumento desenvolve as personagens num crescendo de tensão e conflito constantes, mas que infelizmente nem sempre consegue acompanhar a atmosfera negra e a violência estilizada que o filme imprime. E o que funciona perfeitamente para efeitos estéticos, infelizmente em Stoker nem sempre chega a beneficiar de uma recompensa narrativa, com o material a ser por vezes demasiado genérico e até mal desenvolvido. Mas onde a narrativa falha, o elenco compensa. Sobretudo a jovem Mia Wasikowska, naquele que será muito provavelmente a sua melhor e mais complexa interpretação, confirmando-se como um dos grandes talentos da sua geração. O mesmo acontece com Matthew Goode, genialmente perturbador e em particular dotado no que diz respeito à expressão facial e corporal, assim como Nicole Kidman que parece melhorar com a idade (no que diz respeito à composição das suas personagens) e apesar de estar relegada para um plano mais secundário do que o material promocional fazia antever.
Os três protagonizam uma história freudiana, sobre o desejo, o coming-of-age e a maldade, beneficiados em muito pelo dinamismo visual - notável trabalho de câmara e uma montagem hipnótica - desta produção que cria uma fusão de géneros (muito comum no cinema sul-coreano e ao qual Chan-wook Park consegue aliar um estilo comercial, sem perder o seu toque de autor). Magnético e antológico.
Por razões alheias ao espectador, um dos eventos cinematográficos do ano chega a Portugal (e não só) em DVD, sem sequer ter direito a uma estreia comercial. É um daqueles acontecimentos mais ou menos frequentes (e mais comuns em produções independentes) onde se ignora a visibilidade de um pequeno evento em favor de um ponto de vista meramente comercial - recordamo-nos do caso (500) Days of Summer, em 2009.
Stoker marca a estreia do cineasta sul-coreano Chan-wook Park em Hollywood, com a sua primeira longa-metragem falada em inglês. Algo que tem acontecido frequentemente e recentemente aconteceu ainda com outros dois realizadores do mesmo país: Kim Jee-Won com The Last Stand (2013) e Joon-ho Bong com Snowpiercer (2013), este último ainda inédito em Portugal. É verdade que esta transição dos realizadores para um mercado mais abrangente e por consequência mais competitivo, nem sempre traz os melhores resultados, mas assumimos que em Stoker estamos perante um dos mais interessantes trabalhos do ano. Notamos de imediato - mesmo no genérico inicial - o primor e atenção dados à forma, algo a que o realizador sempre deu muita importância e facilmente visível em outros dos seus trabalhos como Oldboy (2003) e Lady Vengeance (2005), entre outros e a grande maioria com Chung-hoon Chung como director de fotografia. São os olhares elegantes, precisos e detalhes de ambos que concedem a Stoker alguns dos mais bonitos enquadramentos do ano, que contribuem também - narrativamente falando - para a atmosfera intrigante e negra que o filme vai subtilmente desenvolvendo.
O argumento desenvolve as personagens num crescendo de tensão e conflito constantes, mas que infelizmente nem sempre consegue acompanhar a atmosfera negra e a violência estilizada que o filme imprime. E o que funciona perfeitamente para efeitos estéticos, infelizmente em Stoker nem sempre chega a beneficiar de uma recompensa narrativa, com o material a ser por vezes demasiado genérico e até mal desenvolvido. Mas onde a narrativa falha, o elenco compensa. Sobretudo a jovem Mia Wasikowska, naquele que será muito provavelmente a sua melhor e mais complexa interpretação, confirmando-se como um dos grandes talentos da sua geração. O mesmo acontece com Matthew Goode, genialmente perturbador e em particular dotado no que diz respeito à expressão facial e corporal, assim como Nicole Kidman que parece melhorar com a idade (no que diz respeito à composição das suas personagens) e apesar de estar relegada para um plano mais secundário do que o material promocional fazia antever.
Os três protagonizam uma história freudiana, sobre o desejo, o coming-of-age e a maldade, beneficiados em muito pelo dinamismo visual - notável trabalho de câmara e uma montagem hipnótica - desta produção que cria uma fusão de géneros (muito comum no cinema sul-coreano e ao qual Chan-wook Park consegue aliar um estilo comercial, sem perder o seu toque de autor). Magnético e antológico.
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Classificação dos extras: ★★
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