quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O Guardião das Causas Perdidas, por Carlos Antunes



Título original: Kvinden i buret
Realização: 
Argumento: 
Elenco: 


A aposta Dinamarquesa de longo prazo no seu próprio cinema tem produzido uma mescla de resultados de elevada qualidade lado a lado com outros de apelo público mas de resultados dúbios - e falo muito claramente de Susanne Bier.
Todos esses filmes são sempre de qualidade técnica acima da média e este O Guardião das Causas Perdidas não é excepção, proporcionando uma experiência cinematográfica agradável.
A fotografia exemplar cria o ambiente mais propício a esta história. A realização prima pela eficácia que não compromete.
Ao mesmo tempo isso significa também que falta alguma centelha ao filme. A aposta na técnica acaba por levar a que filmes como este não sejam mais do que competentes e eficazes - o tal "agradável" e nada mais.
A fotografia parece demasiado apurada, por vezes retirando a vida ao cenário. A realização não corre riscos e, portanto, não há nada de particularmente excitante.
Acima dessa qualidade média só a interpretação de Nikolaj Lie Kaas, desde logo com um perfil talhado para o papel de detective marcado pela vida e pelos muitos casos.
Um detective à moda dos dos clássicos noir americanos. Um detective solitário, com quem ninguém quer emparelhar, mas que pelo trabalho é capaz de ir criando uma relação com outro desalinhado da Polícia.
A seu lado Fares Fares parece igualmente uma excelente escolha e um actor a seguir com atenção. Não recebe uma composição equivalente, reduzido a traços esquemáticos.
Na verdade, traços ainda mais esquemáticos do que aqueles com que o argumento serve todos os personagens. O argumento é mesmo o elemento do filme cuja eficácia é insuficiente.
O argumento prima pelo cumprimento de todas as regras estabelecidas. Só que cumprindo os passos expectáveis acaba por recorrer a um conjunto significativo de clichés.
Os que definem o detective e o seu parceiro e, igualmente, aqueles que servem as cenas cujo género não é exclusivamente o do drama policial.
O argumento faz do filme um policial "directo ao ponto", apagando um pouco o contexto social pelo qual primam muitos dos policiais nórdicos.
Há alguma conveniência na forma como as pistas adormecidas há vários anos surgem velozmente e até o controlo sobre os flashbacks que se ligam à investigação corrente parece estar mais ao serviço da finalização da história e não do estabelecimento das motivações dos personagens.
Este é um caso em que o filme beneficiaria mesma da calma de uma meia hora a mais, sobretudo para servir a construção da relação entre os dois investigadores.
Que essa seja capaz de se formar e convencer o público - que não deixará de esperar os próximos filmes da saga - é a prova da tal qualidade geral que os filmes dinamarqueses mostram.
Esperemos que continuem a estrear por cá. E que tenham público suficiente para justificar isso mesmo!




1 comentário:

  1. John Voight em y Liev Schereiber en Ray Donovan é o maior. É um dos
    melhores da série, agora muito necessário que não temos Breaking Bad.

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