terça-feira, 11 de novembro de 2014

@Cinema, por Carlos Antunes



Recebemos um convite do @Cinema para conhecer as suas salas e logo com um dos filmes tecnicamente mais exigentes do ano (pelo menos), Interstellar.

Não vale a pena negar que a primeira escolha para ir ver este filme era a sala IMAX dos cinemas Colombo, sobretudo pelo tamanho da tela.

O convite acabou por pesar sobre a outra opção por dois motivos. O facto de ser uma das duas únicas salas de cinema em Lisboa que não tinha experimentado e o facto da projecção ser 4K em vez do mero 2K do IMAX.

Não se conseguindo a equiparação da experiência de projecção ao plano traçado por Christopher Nolan para a sua filmagem em IMAX 70mm, parece-me óbvio que optar pela melhor qualidade disponível neste momento é a única resposta lógica - embora aceite os argumentos de quem afirma que o IMAX Digital é melhor.

A qualidade de projecção é irrepreensível no @Cinema, cristalina diria, e certamente imaculada do ponto de vista de cor e luz. Talvez se possa discutir que é uma imagem demasiado "limpa" para um filme - qualquer um - trabalhado em película mas o apreço que este me merece surge por mérito próprio e independente das considerações a jusante ou montante do resultado à minha frente.

Nota importante para o facto do ecrã estar muito bem dimensionado em relação a toda a sala, permitindo uma imersão total em qualquer um dos lugares, sem qualquer perda de percepção do que se passa nas franjas do ecrã.

Essa mostrou-se uma vantagem permanente em relação à sala IMAX de Lisboa que tem um número limitado de lugares onde se pode, de forma total, aproveitar o ecrã na sua totalidade.

No caso específico de Interstellar, apesar da beleza conseguida em várias cenas no espaço ou na superfície de planetas, o filme não justificou um maravilhamento total que um ecrã maior conseguisse contra o ecrã em que o vi.

Há um ano atrás, quando uma versão restaurada de 2001: A Space Odyssey foi estreada nos cinemas UCI, um ecrã de tamanho similar ao que agora encarei nos @Cinema foi capaz de proporcionar um assombro visual idêntico ou superior ao da primeira vez que vi o filme, pelo que não creio estar a cometer qualquer erro ao afirmar que maior não é melhor.

Mesmo assim o melhor e mais significativo desta experiência foi o sistema de som Dolby Atmos. O número de vezes que foi publicitado antes do filme começar pode ser excessivo, mas no final da sessão estavam justificadas.

Capaz de criar uma imersão sensorial ainda maior do que a própria qualidade de imagem, o sistema de som foi capaz de destrinçar na perfeição todas as camadas da edição de som, mesmo quando a banda sonora de Hans Zimmer lutava contra os sussuros dos actores.

Julgo que neste momento já não é desconhecido de ninguém as múltiplas queixas relativas à qualidade da edição de som, mas os @Cinema impediram que o seu público - e a sala estava cheia - se apercebesse de qualquer potencial problema desse género.

Para finalizar, uma única queixa, para com o conforto pessoal. Para quem tem pernas grandes, o espaço que sobra para a cadeira da frente é insuficiente.

A sala em causa é pequena desde origem e apesar da sua boa recuperação isso não poderá ser alterado.

Obviamente que a venda de um máximo de bilhetes é o objectivo final, mas sem prejuízo do número de lugares algo poderia ser feito.

As cadeiras poderiam ter menor envergadura de forma a proporcionarem um pouco mais de espaço entre elas, pois com a limitação para as pernas fica-se mais sujeito ao ângulo pouco acentuado entre as costas e o assento da mesma que acaba por não permitir uma adaptação total do corpo.

O resultado final foi o de uma experiência muito positiva que, apesar das qualidade de projecção, não conseguiu impedir que a minha opinião sobre Interstellar pendesse para o lado negativo (crítica para breve).


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