Isto é um filme. E como disse Jafar Panahi a um jovem estudante de cinema que procurava saber quais os melhores filmes a comprar a um vendedor de cópias pirateadas: «todos os filmes merecem ser vistos». E Táxi de Jafar Panahi justifica essa afirmação, sendo um filme com muito cinema dentro. A começar pela referência óbvia ao cinema de Abbas Kiarostami (e o seu Dez, também ele filmado dentro de um carro) ou ao vendedor de cópias pirateadas de filmes (com produções interditas no Irão) que vende ao estudante de cinema e ao próprio Jafar Panahi (sabemos que comprou versões ilegais de Midnight in Paris e de Once Upon a Time in Anatolia). Multiplicam-se ainda as auto-referências ao seu próprio cinema: desde The Mirror (1997), passando por Crimson Gold (2003) a Offside (2006).
É um filme com muitos filmes, mais luminoso que os dois anteriores, posteriores à sua condenação que o deixou proibido de filmar durante vinte anos por um Governo que estipula uma cartilha estrita de regras e bons costumes para filmar. Essa é uma referência que Jafar Panahi faz, brincando com a sua sobrinha, também ela protagonista do filme, que na narrativa (a espaços fica a dúvida se é tudo é encenado ou se é isto um documentário), tem de realizar um filme para a escola. Um filme como deve ser, «distribuível» e que evite sobretudo o «realismo sórdido», que dá origem a um dos gags mais divertidos do filme. Neste filme, o cineasta utiliza novos dispositivos para fugir à sua interdição de filmar, mas de uma forma menos limitada que This Is Not a Film (2011) ou Closed Curtain (2013). Ali, Jafar Panahi, confinava-se a si mesmo, encerrava-se na escuridão de uma tristeza profunda para agora dar lugar a um lufada de ar fresco, num filme que é quase uma tragicomédia.
Num jogo de espelhos com os dispositivos da narrativa a serem continuamente desmontados - há até uma personagem que lhe diz «Eu sei quem é, senhor Jafar Panahi. Sei que anda a fazer um filme». Jafar Panahi é o protagonista do seu próprio filme que é mais uma provocação ao regime, um corajoso ultimato do Cinema que documenta ao mesmo tempo a realidade da vida no Teerão. É um filme onde o cineasta recupera um tom humano, bem-humorado, mais risonho e subtil. Um filme que nem merece créditos finais porque afinal não é distribuível no Irão.
É um filme com muitos filmes, mais luminoso que os dois anteriores, posteriores à sua condenação que o deixou proibido de filmar durante vinte anos por um Governo que estipula uma cartilha estrita de regras e bons costumes para filmar. Essa é uma referência que Jafar Panahi faz, brincando com a sua sobrinha, também ela protagonista do filme, que na narrativa (a espaços fica a dúvida se é tudo é encenado ou se é isto um documentário), tem de realizar um filme para a escola. Um filme como deve ser, «distribuível» e que evite sobretudo o «realismo sórdido», que dá origem a um dos gags mais divertidos do filme. Neste filme, o cineasta utiliza novos dispositivos para fugir à sua interdição de filmar, mas de uma forma menos limitada que This Is Not a Film (2011) ou Closed Curtain (2013). Ali, Jafar Panahi, confinava-se a si mesmo, encerrava-se na escuridão de uma tristeza profunda para agora dar lugar a um lufada de ar fresco, num filme que é quase uma tragicomédia.
Num jogo de espelhos com os dispositivos da narrativa a serem continuamente desmontados - há até uma personagem que lhe diz «Eu sei quem é, senhor Jafar Panahi. Sei que anda a fazer um filme». Jafar Panahi é o protagonista do seu próprio filme que é mais uma provocação ao regime, um corajoso ultimato do Cinema que documenta ao mesmo tempo a realidade da vida no Teerão. É um filme onde o cineasta recupera um tom humano, bem-humorado, mais risonho e subtil. Um filme que nem merece créditos finais porque afinal não é distribuível no Irão.
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