Título original: The Mummy (2017)
Realização: Alex Kurtzman
Argumento: David Koepp, Christopher McQuarrie, Dylan Kussman, Jon Spaihts, Alex Kurtzman, Jenny Lumet
Já há algum tempo que os estúdios da Universal tentam trazer os clássicos filmes de monstros para um ambiente mais moderno. E naquilo que a versão de 1999 conseguiu acertar, pelo compromisso em se assumir como algo completamente diferente, todas as tentativas seguintes falharam de uma ou outra forma. E esta versão de The Mummy não é excepção.
Os dois filmes relativos à Múmia de Stephen Sommers conseguiram trazer um sentido de aventura ao género dos filmes de Spielberg para esta personagem originalmente de 1932. E em boa verdade, o assumir da diferença no género e aposta num tom mais cómico resultou para os filmes que eram. E ainda que mais tarde Sommers tenha voltado a tentar o mesmo para uma série de outras personagens deste franchise de monstros com Van Helsing, esse filme acabou por tentar mais do que poderia conseguir e não captar o mesmo espírito dos anteriores filmes.
Terminadas as tentativas de Sommers, houve uma aposta mais séria em captar algum do terror dos filmes originais com The Wolfman, e mais tarde em trazer ao de cima o que eventualmente seria o início de um franchise moderno destes filmes de monstros com Dracula Untold, ambas tentativas rapidamente esquecidas.
Isto traz-nos ao presente The Mummy, realizado por um Alex Kurtzman que aparentemente tem a ideia para trazer todos os monstros clássicos da Universal para um período contemporâneo através da criação daquilo que desde antes do primeiro plano do filme aparecer já conhecemos como Dark Universe. E ainda que esta ideia de um universo partilhado entre várias personagens nos seja conhecido através da Marvel, Kurtzman garantiu que os monstros da Universal trouxeram essa ideia em primeiro lugar, com o primeiro crossover no grande ecrã Frankenstein Meets the Wolf Man. Mas na realidade este filme está longe de poder ser comparável com qualquer um dos dois, mais não seja pelo processo que toma.
Isto nota-se logo à partida pela inconsistência no tom que este filme pretende tomar. A constante presença de Jake Johnson na sua parceria com Tom Cruise (para além das piadas fáceis entre Cruise e Annabelle Wallis) mostra-nos que pretende ter um tom mais leviano e cómico, mas da mesma forma o filme tenta tudo para provocar-nos vários sustos óbvios e ter um tom mais "sério" do que estamos à espera no início.
Essa será a primeira amostra daquilo que é o grande problema que o filme. A pressa que parece ter em ser o primeiro de uma série de filmes, sem nunca sequer ganhar vida própria. Aliás, se há uma palavra que descreve bem este filme é banal.
Não existe rigorosamente nada que distinga este filme de tantos outros blockbusters que já nos habituámos de ver, fazendo-nos cansar, pelo contrário, mais ainda deste tipo de filmes. A narrativa, ao início tão semelhante à do filme de 1999, nunca tenta sequer sair dos mesmos sítios comuns, chegando a ser idiota a forma como é iniciada a aventura, visto que a organização que procura o túmulo da Múmia pretendia no final dar-lhe o mesmo destino que já lhe estava reservado no início da estória. Para além disso, a ideia de um artefacto dividido em dois que precisa ser reunido para libertar um qualquer poder escondido chega a um ponto ainda mais absurdo, ao nos apercebermos de que as duas peças se encontram na mesma cidade, não havendo qualquer desafio para as reunir.
Tudo isto culmina na promessa de explorar a ambiguidade presente na ideia destes "monstros" que nunca chega a acontecer. Se Kurtzman pretendia afastar as ideias de comparação com os filmes de super-heróis da Marvel, falha redondamente ao invés de nos oferecer um protagonista realmente dúbio nas suas decisões, acabar-lhe por dar as características de um verdadeiro herói, sem que Tom Cruise consiga acrescentar algo mais com a sua actuação. Numa época em que até uma personagem tão dúbia quanto Wolverine recebeu um filme que fez jus a essa ambiguidade, torna tão mais entediante a forma como este filme nem sequer se tenta aproximar disso.
E assim, a terceira tentativa em dar nova vida a estas personagens tão icónicas do cinema falha também. De qualquer das formas, se o anúncio da contratação de actores tão conhecidos é indicação de alguma coisa, podemos esperar as restantes re-imaginações destas personagens nos próximos tempos. Com isso, podemos apenas esperar que de futuro se dediquem a contar uma história mais focada naquilo que torna estes monstros diferentes de tantas outras personagens, antes de as lançar para um universo que ainda não sabemos sequer se temos interesse em ver.
É pena o remake não ser bom, mas hoje em dia, qual remake é que é? Vamos esperar que o Dark Universe no futuro ofereça melhor.
ResponderEliminarDe facto, é difícil hoje em dia conseguir trazer um novo fôlego a filmes que muitas vezes são considerados clássicos ou que tiveram, no mínimo, uma presença muito marcada na indústria numa dada época. Mas neste caso, penso que era necessário mais que substância, entretenimento, o qual tem em falta, o que é pena considerando o actor protagonista em que apostou.
EliminarDe qualquer das formas, e respondendo à sua questão (ainda que um pouco retórica), existe uma saga que conseguiu arranjar um novo fôlego e distanciar-se do(s) original(ais) com extremo cuidado, a qual foi a série de filmes Planet of the Apes. Se ainda não teve oportunidade, aconselho vivamente a ver, mais que o primeiro Rise of the Planet of the Apes (ainda que seja essencial para perceber a viagem da personagem principal), a sequela Dawn of the Planet of the Apes, que não só é magistral na forma como usa os efeitos visuais (aqui sim, com uma execução perfeita) para servir a narrativa, como cria sequências de acção envolventes e demonstra como uma história simples não significa menos substância em termos dramáticos.
Aconselho vivamente, antes da estreia de War for the Planet of the Apes, o visionamento destes filmes, como demonstração de um bom remake/reboot.
Eu gostei bastante deste A Múmia: 4*
ResponderEliminarCom uma história interessante, bons efeitos 3D e um argumento bem conseguido.
Cumprimentos, Frederico Daniel.
Lá estás tu a dar meias estrelas às coisas, Eddy.
ResponderEliminarMuito obrigada pela crítica, parece muito pertinente, eu gosto muito. Sou fã de Sofia Boutella ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito de Sofia Boutella filmes deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerada uma grande atriz, e a sua atuação é majestuosa.
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