Título original: Avengers: Infinity War (2018)
Realização: Anthony Russo, Joe Russo
Argumento: Christopher Markus, Stephen McFeely
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Chadwick Boseman, Benedict Cumberbatch, Sebastian Stan, Tom Holland,Tom Hiddleston, Letitia Wright, Benedict Wong, Don Cheadle, Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Bautista, Laura Haddock, Karen Gillan, Pom Klementieff, Josh Brolin
Mesmo saindo do visionamento de imprensa, em que não estavam presentes os 94% de lotação esgotada que vira para a sessão das 00h01, o entusiasmo dos críticos mais novos (ainda que mais velhos que eu próprio) era palpável. Talvez até um pouco demasiado. Não que o entusiasmo por este filme não fosse merecido, passado tanto tempo sobre um agora pequeno filme chamado Iron Man, mas porque talvez esse entusiasmo tenha acabado por me revelar mais obviamente aspectos de Infinty War que são sintomáticos de todo este universo e que acabam por fazer o filme sofrer.
Fazendo a comparação com um outro grande franchise, como The Force Awakens, as expectativas para este filme nunca poderiam ser igualadas, e como The Last Jedi, o compromisso deste filme não é total. Muita gente não concordará com estas minhas observações, mas passarei a explicar.
O primeiro filme de Star Wars passados quarenta anos sofria da expectativa do que fariam com as personagens que tanta gente amou durante anos. E por isso mesmo jogou pelo seguro, não se desviando demasiado do expectável (ou desejável?) para agradar à maioria. Quando a sua sequela chegou, as mudanças drásticas mas desejadas (ou necessárias?) vieram também, mas a presença de um humor que constantemente impedia o drama de se fazer sentir fez com que as consequências dessas mudanças não se fizessem sentir de uma maneira correcta.
Nesse sentido, serve a introdução que fiz. O entusiasmo era muito, óbvio. Mas foi precisamente esse entusiasmo que, durante todo o filme, me foi mostrando que, tendo ideias interessantes e esforçando-se por jogar variadíssimas personagens no ecrã, como Captain America: Civil War antes deste, acaba por jogar pelo seguro na forma como as vai representando. Isto porque, ainda que seja um franchise conhecido pelo humor, este era certamente um filme em que a minha única expectativa, mais do que onde vai estar aquela determinada pedra ou quem vai emparelhar com quem, era a promessa de um real drama.
A verdade é que esta equipa já me tinha oferecido por duas vezes o que não esperava, com ambas as sequelas de Captain America, e com Civil War em particular tinham conseguido superar as minhas expectativas do que pensava possível com tantas personagens ao mesmo tempo no ecrã.
Ainda assim, consegui manter as minhas expectativas baixas para esta longa metragem, esperando apenas por um grande filme de acção, de uma história que por si só aparenta ser bastante simples, mas a qual poderia trazer um real sentimento de consequência que antes havia apenas dicas.
E ainda que essas consequências estejam algo presentes, talvez a natureza da própria história ou o facto de sabermos que este é apenas o prelúdio de uma segunda parte faz com que no final o choque não seja tão presente como poderíamos esperar. Poderemos provavelmente esperar para que no próximo filme já anunciado as coisas se resolvam de uma ou outra maneira.
O que é realmente pena, pois existem elementos fortes no argumento, começando logo pela cena inicial que estabelece imediatamente as consequências desta nova ameaça. Aliás, se existe algo que este filme faz tremendamente bem é ao introduzir-nos Thanos (no pouco desenvolvimento dramático que acabamos por ver dele) como um vilão multifacetado e para o qual Brolin em muito ajuda. Em particular, as cenas em que ele é reunido à sua filha "adoptada" são de particular interesse.
Mas o maior pecado deste argumento, e acontecendo imediatamente a seguir da cena inicial, é o humor que em tudo corta o impacto do desenvolvimento individual de algumas das personagens. Se em Peter Quill faz sentido a infantilidade explorada em ambos os filmes de Guardians of the Galaxy, tendo sido raptado em criança e nunca tendo tido um pai ou mãe que o ensinassem a crescer, já Banner desde Thor: Ragnarok é completamente descaracterizado, tornando-se uma grande piada. E mesmo Stark continua no problema contínuo da sua personagem, em que aprendendo alguma coisa num filme, no seguinte retorna aos seus meios sociais pouco ortodoxos, simplesmente porque Downey Jr. terá mais piada nesse registo.
E foi isso que no final me fez ficar desapontado pelo filme. Pois, a cada momento dramático e com potencial, seguia-se uma piada em reacção da qual todos em meu redor se riam, tirando-me imediatamente do filme. E retornando ao mesmo, retornavam as piadas, sem fim. Se antes estes aspectos já foram mais equilibrados, não existe agora desculpa para que num filme de final com tão suposto impacto não tenham conseguido um equilíbrio diferente. Num universo onde mundos são destruídos, as piadas já não podem (devem?) ser tão basicamente construídas como dantes.
Serve esta minha crítica, mais para revelar aspectos práticos que marcam as falhas deste filme e o sentimento de desapontamento que, enquanto fã, me exacerbou. Porque, apesar de tudo isto, sei que todos os fãs irão adorar este filme e que a minha opinião se perderá no impacto cultural que este culminar de um universo terá na população fã.
O primeiro filme de Star Wars passados quarenta anos sofria da expectativa do que fariam com as personagens que tanta gente amou durante anos. E por isso mesmo jogou pelo seguro, não se desviando demasiado do expectável (ou desejável?) para agradar à maioria. Quando a sua sequela chegou, as mudanças drásticas mas desejadas (ou necessárias?) vieram também, mas a presença de um humor que constantemente impedia o drama de se fazer sentir fez com que as consequências dessas mudanças não se fizessem sentir de uma maneira correcta.
Nesse sentido, serve a introdução que fiz. O entusiasmo era muito, óbvio. Mas foi precisamente esse entusiasmo que, durante todo o filme, me foi mostrando que, tendo ideias interessantes e esforçando-se por jogar variadíssimas personagens no ecrã, como Captain America: Civil War antes deste, acaba por jogar pelo seguro na forma como as vai representando. Isto porque, ainda que seja um franchise conhecido pelo humor, este era certamente um filme em que a minha única expectativa, mais do que onde vai estar aquela determinada pedra ou quem vai emparelhar com quem, era a promessa de um real drama.
A verdade é que esta equipa já me tinha oferecido por duas vezes o que não esperava, com ambas as sequelas de Captain America, e com Civil War em particular tinham conseguido superar as minhas expectativas do que pensava possível com tantas personagens ao mesmo tempo no ecrã.
Ainda assim, consegui manter as minhas expectativas baixas para esta longa metragem, esperando apenas por um grande filme de acção, de uma história que por si só aparenta ser bastante simples, mas a qual poderia trazer um real sentimento de consequência que antes havia apenas dicas.
E ainda que essas consequências estejam algo presentes, talvez a natureza da própria história ou o facto de sabermos que este é apenas o prelúdio de uma segunda parte faz com que no final o choque não seja tão presente como poderíamos esperar. Poderemos provavelmente esperar para que no próximo filme já anunciado as coisas se resolvam de uma ou outra maneira.
O que é realmente pena, pois existem elementos fortes no argumento, começando logo pela cena inicial que estabelece imediatamente as consequências desta nova ameaça. Aliás, se existe algo que este filme faz tremendamente bem é ao introduzir-nos Thanos (no pouco desenvolvimento dramático que acabamos por ver dele) como um vilão multifacetado e para o qual Brolin em muito ajuda. Em particular, as cenas em que ele é reunido à sua filha "adoptada" são de particular interesse.
Mas o maior pecado deste argumento, e acontecendo imediatamente a seguir da cena inicial, é o humor que em tudo corta o impacto do desenvolvimento individual de algumas das personagens. Se em Peter Quill faz sentido a infantilidade explorada em ambos os filmes de Guardians of the Galaxy, tendo sido raptado em criança e nunca tendo tido um pai ou mãe que o ensinassem a crescer, já Banner desde Thor: Ragnarok é completamente descaracterizado, tornando-se uma grande piada. E mesmo Stark continua no problema contínuo da sua personagem, em que aprendendo alguma coisa num filme, no seguinte retorna aos seus meios sociais pouco ortodoxos, simplesmente porque Downey Jr. terá mais piada nesse registo.
E foi isso que no final me fez ficar desapontado pelo filme. Pois, a cada momento dramático e com potencial, seguia-se uma piada em reacção da qual todos em meu redor se riam, tirando-me imediatamente do filme. E retornando ao mesmo, retornavam as piadas, sem fim. Se antes estes aspectos já foram mais equilibrados, não existe agora desculpa para que num filme de final com tão suposto impacto não tenham conseguido um equilíbrio diferente. Num universo onde mundos são destruídos, as piadas já não podem (devem?) ser tão basicamente construídas como dantes.
Serve esta minha crítica, mais para revelar aspectos práticos que marcam as falhas deste filme e o sentimento de desapontamento que, enquanto fã, me exacerbou. Porque, apesar de tudo isto, sei que todos os fãs irão adorar este filme e que a minha opinião se perderá no impacto cultural que este culminar de um universo terá na população fã.
Vingadores: Guerra do Infinito: 5*
ResponderEliminarEu recomendo que o vejam, pois está brutal.
Cumprimentos, Frederico Daniel.