Título original: Bumblebee (2018)
Realização: Travis Knight
Argumento: Christina Hodson
Elenco: Hailee Steinfeld, Dylan O'Brien, Jorge Lendeborg Jr., John Cena, Peter Cullen, John Ortiz, Justin Theroux, Angela Bassett
Apesar do sucesso crescente por territórios asiáticos desta série de filmes baseada nos velhos brinquedos da Hasbro, os últimos filmes demonstraram também um crescente desinteresse neles próprios, muito pelo cansaço do realizador, que não mostrava grande imaginação desde a primeira tentativa. Poderá a oferta de um novo realizador à frente de uma prequela justificar um novo olhar sobre este franchise?
Na sua primeira adaptação destas personagens ao grande ecrã, Michael Bay tentou transpor uma certa emoção, iniciando o filme com a amizade entre um rapaz e um inaparente aliado. O grande problema foi precisamente a falta de sensibilidade que Bay tem pasmada em toda a sua obra, não tendo, por isso, essa narrativa qualquer impacto.
Com as sequelas, não só aumentava o interesse em filmar espectáculos pirotécnicos, como também o desinteresse pela relação entre os protagonistas humanos e alienígenas, tornando-se a série de filmes sinónimo de divertimento estupidificado.
Sendo assim, logo o primeiro ponto a apontar a este filme é a forma como resulta a dinâmica entre Charlie (Hailee Steinfeld) e Bumblebee, não apenas trazendo alguma nuance ao segundo, mas criando na primeira uma personagem em que nos podemos rever e entender de onde nasce a sua vontade de criar uma amizade com este estranho novo elemento no seu mundo.
Aliás, em vários momentos do filme é bastante clara a inspiração de The Iron Giant, para além da óbvia ligação entre uma criança e um robô. A comparação com este culmina, inclusive, num momento claramente daí retirado, em que Bumblebee começa a atacar as forças militares quando estas ameaçam a sua nova companheira, mudando inclusive a cor dos seus olhos, à semelhança de quando o Gigante de Ferro mostra ser na verdade uma máquina de guerra num semelhante momento narrativo.
Mas é pena que essa inspiração não seja completamente assumida, e exista uma vontade (muito provavelmente) da parte do estúdio em manter ainda uma ligação aos filmes anteriormente lançados. Isto porque o maior ponto forte dessa óbvia inspiração, que para aqui não é transposto, é o facto do antagonista ser o próprio ser humano, na sua procura de fazer guerra face ao próprio desconhecimento e em dualidade com a inocência de uma criança. Este elemento narrativo fazia com que em The Iron Giant não fosse necessário qualquer antagonista extra.
Infelizmente, neste caso, não podiam faltar os inabaláveis Decepticons, que desde (e para) sempre farão face aos nossos protagonistas. O problema dessa constante presença vilã é que, ao invés do filme culminar num momento mais pessoal e emotivo, o filme termina num expectável combate final (ainda que, felizmente, em menor escala que os últimos filmes de Michael Bay)
Também não ajuda à situação deste filme que o conflito com os antagonistas seja desinteressante e, no final, bastante inconsequente, estando a ser retirado tempo que seria mais precioso e bem gasto numa contínua exploração da amizade improvável que dá mote ao filme, estando essa sempre a ser interrompida.
Para além de tudo isto, Bumblebee, muito à semelhança do que Solo: A Star Wars Story fez há apenas uns meses, demonstra-se ainda mais enquanto prequela que não conta meramente uma história isolada ao explicar inclusive elementos que surgem no primeiro filme de Bay que ninguém queria explicados. São, por exemplo, mostrados os momentos em que Bumblebee perde a sua voz e em que se transforma num Chevrolet Camaro, apenas para relembrar que este fará parte do mesmo universo de filmes que foram perdendo qualidade e interesse pelo público.
No final, o que não torna este um filme melhor é a vontade inexplicável de manter uma certa ligação aos filmes que vieram a perder audiências em primeiro lugar, e que levaram à criação desta "nova" visão sobre as personagens. Isso não permite que Bumblebee se desagarre totalmente de uma estrutura já tão comum e em vez se foque meramente numa amizade entre duas personagens que se sentem fora do seu mundo e da sua zona de conforto. Ainda assim, é de louvar o esforço que houve em tentar transpor estas personagens para além daquilo que se vê à primeira vista.
Com as sequelas, não só aumentava o interesse em filmar espectáculos pirotécnicos, como também o desinteresse pela relação entre os protagonistas humanos e alienígenas, tornando-se a série de filmes sinónimo de divertimento estupidificado.
Sendo assim, logo o primeiro ponto a apontar a este filme é a forma como resulta a dinâmica entre Charlie (Hailee Steinfeld) e Bumblebee, não apenas trazendo alguma nuance ao segundo, mas criando na primeira uma personagem em que nos podemos rever e entender de onde nasce a sua vontade de criar uma amizade com este estranho novo elemento no seu mundo.
Aliás, em vários momentos do filme é bastante clara a inspiração de The Iron Giant, para além da óbvia ligação entre uma criança e um robô. A comparação com este culmina, inclusive, num momento claramente daí retirado, em que Bumblebee começa a atacar as forças militares quando estas ameaçam a sua nova companheira, mudando inclusive a cor dos seus olhos, à semelhança de quando o Gigante de Ferro mostra ser na verdade uma máquina de guerra num semelhante momento narrativo.
Mas é pena que essa inspiração não seja completamente assumida, e exista uma vontade (muito provavelmente) da parte do estúdio em manter ainda uma ligação aos filmes anteriormente lançados. Isto porque o maior ponto forte dessa óbvia inspiração, que para aqui não é transposto, é o facto do antagonista ser o próprio ser humano, na sua procura de fazer guerra face ao próprio desconhecimento e em dualidade com a inocência de uma criança. Este elemento narrativo fazia com que em The Iron Giant não fosse necessário qualquer antagonista extra.
Também não ajuda à situação deste filme que o conflito com os antagonistas seja desinteressante e, no final, bastante inconsequente, estando a ser retirado tempo que seria mais precioso e bem gasto numa contínua exploração da amizade improvável que dá mote ao filme, estando essa sempre a ser interrompida.
Para além de tudo isto, Bumblebee, muito à semelhança do que Solo: A Star Wars Story fez há apenas uns meses, demonstra-se ainda mais enquanto prequela que não conta meramente uma história isolada ao explicar inclusive elementos que surgem no primeiro filme de Bay que ninguém queria explicados. São, por exemplo, mostrados os momentos em que Bumblebee perde a sua voz e em que se transforma num Chevrolet Camaro, apenas para relembrar que este fará parte do mesmo universo de filmes que foram perdendo qualidade e interesse pelo público.
No final, o que não torna este um filme melhor é a vontade inexplicável de manter uma certa ligação aos filmes que vieram a perder audiências em primeiro lugar, e que levaram à criação desta "nova" visão sobre as personagens. Isso não permite que Bumblebee se desagarre totalmente de uma estrutura já tão comum e em vez se foque meramente numa amizade entre duas personagens que se sentem fora do seu mundo e da sua zona de conforto. Ainda assim, é de louvar o esforço que houve em tentar transpor estas personagens para além daquilo que se vê à primeira vista.
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