terça-feira, 30 de março de 2010

Fora de Controlo, por Carlos Antunes


Título original: Edge of Darkness
Realização: Martin Campbell
Argumento: William Monahan e Andrew Bovell
Elenco: Mel Gibson, Ray Winstone, Danny Huston e Bojana Novakovic

Martin Campbell parece sofrer de dupla personalidade cinematográfica consoante o material com que trabalha.
Se o argumento revela cuidado e empenho, como a cada lançamento de um actor como Bond, então ele parece encontrar soluções generosas para a história, mas se o material é mais pobre ele parece deixar cair a fasquia, como se estivesse desmoralizado.
É o caso aqui, em que Campbell recorre vezes demais ao grande plano e se deixa ficar hirto em cenas que exigiam agilidade.
Campbell nunca será um grande realizador, mas era escusado parecer tão pouco capaz.


Até porque se o material não é extraordinário, não deixa de ter o mérito de pegar em Mel Gibson e colocar a sua idade em evidência.
A personagem de Gibson está envelhecida, embrutecida por tantos anos na polícia.
Quando lhe matam a filha ele sabe que tem apenas mais uma força dentro e que não é a de um polícia. É a força de uma vingança que ele não tenta travar e da qual sabe não poder voltar.
O filme é esse caminho de vingança, mais do que um policial.
A busca de provas é mais uma âncora dos seus velhos tempos de polícia, uma busca de consciência que não lhe permita tomar inocentes por culpados, mas apenas isso.


Com ele cruza-se Jedburgh (Ray Winstone), um discreto agente que resolve ameaças à segurança nacional da forma como lhe aprouver.
Também ele se encaminha para o fim, mas ao contrário, finalmente ganhou uma consciência.
Ele é o contraponto de Gibson quando ambos servem os propósitos mútuos.
Ray Winstone - e a sua personagem - é mais interessante do que Gibson, mas entende-se o protagonismo do segundo.
O que não se entende é que a história não assuma a sua verdadeira natureza de perseguição implacável e tente temperar tudo com diálogos reflexivos.
Para tal era preciso dar mais espaço a Winstone, então.



1 comentário:

  1. Eu também acreidito que Winstone podia ter sido melhor explorado a fim de aumentar a qualidade do filme!

    Acreditas que o compararam com Taken??

    Abraço
    Cinema as my World

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