terça-feira, 4 de maio de 2010

City Island - Segredos à Medida, por Tiago Ramos



Há quem teime – e com o seu quê de razão – que por pior que um filme seja, se o virmos sem expectativas, nunca será assim tão mau. Comentários como “Afinal não era tão mau como pensava”, predominarão sempre sobre “Foi o pior filme que já vi”.



Felizmente não é o que se passa acerca de City Island – Segredos à Medida que teve oportunidade de ser exibido em antestreia ainda em meados de Abril, praticamente um mês antes da sua estreia comercial em Portugal. De qualquer forma, o caso acima utilizado aplica-se ao filme quando nos referimos às expectativas. Filme independente, sem grande projecção internacional e que fez o circuito dos festivais de forma quase anónima, as informações acerca do mesmo eram escassas pelas redes sociais e meios especializados. Agradável surpresa, pois City Island – Segredos à Medida será, com toda a certeza, dos filmes mais despretensiosos e deliciosamente divertidos que teremos oportunidade de assistir em 2010.

Logo de início, quando nos reunimos à mesa com os protagonistas, sentimo-nos de imediato no meio de um almoço de família que também podia ser o nosso. Falamos, claro está, da disfuncionalidade e bizarria que percorre milhões de diálogos familiares em todo o mundo. É assim e sempre foi e Raymond De Felitta (Two Family House) expõe-no de uma forma tão honesta e flagrante, que é impossível ao espectador não se render.



Vencedor do Prémio do Público no Festival de Tribeca, City Island (que em Portugal recebe o sufixo “Segredos à Medida”) é uma comédia dramática e familiar de enganos e esqueletos no armário. É um filme sobre a falta de comunicação no seio familiar, sobre segredos e ambições que ficam por muitos anos esquecidos no meio do quotidiano familiar. O argumento é simples, mas cativante e muito bem escrito, coeso e com uma narrativa peculiarmente hilariante, mas também de grande moral (sem nunca cair em moralismos). E se no meio de tanta peripécia, julgamos a dada altura que nunca terá um final digno, chegamos ao fim com a sensação que nenhuma ponta solta ficou por encontrar.

Não sendo tecnicamente brilhante – não era isso que se pedia -, é no elenco que encontramos grande parte do seu alicerce. É refrescante encontrarmos Andy Garcia, num papel que o distancia da sua anterior filmografia, mas cuja competência é, mais uma vez, confirmada. Julianna Margulies, depois de vencer o Globo de Ouro pelo seu trabalho na série The Good Wife, mantém aqui uma boa performance. Ou ainda Emily Mortimer, em mais um simpático e dócil desempenho. O restante elenco contribui todo ele para enriquecer ainda mais o filme.



City Island – Segredos à Medida não é inovador, nem tem pretensões a tal. Dentro da sua simplicidade e veracidade, é genuinamente desarmador. É encantadoramente divertido, a quem ninguém ficará indiferente.

Classificação:

4 comentários:

  1. Há muito tempo que não me ria tanto como neste... Só tenho pena que filmes destes sejam a excepção e não a regra.

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  2. Esse vai chegar aqui direto em DVD. Não estava muito ansioso, mas críticas recentes como a sua começam a me deixar curioso.

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  3. Sim, de facto. Foi uma agradável surpresa.

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  4. É mesmo pena, porque o filme é bastante bom dentro do género.

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